"Hoje os ministros têm instruções bastante claras, quer o ministro da saúde quer o ministro das infraestruturas, para ver como é que podemos arrancar o mais rapidamente com esse projeto e eu penso que dentro de mais algumas semanas esse projeto vai arrancar, vamos só entrar nos pormenores", disse Patrice Trovoada no final de uma visita surpresa ao Hospital Central Dr. Ayres de Menezes, na capital são-tomense.
O primeiro-ministro disse que o seu governo está a "tomar contacto com o dossiê", sublinhando que "havia um projeto", mas o Governo cessante fez um outro que será avaliado sem entrar em "polémicas".
"Vamos seguir os procedimentos normais, transparentes para que esse projeto que está assinado já há quase sete anos, para que as pessoas possam beneficiar de um hospital", disse Patrice Trovoada.
Em 2016, o Governo também liderado por Patrice Trovoada assinou com o fundo do Kuwait um acordo de empréstimo no valor de 17 milhões de dólares para reabilitação, construção de novas infraestruturas e equipamento do maior hospital do país, o Ayres de Menezes, mas até ao final do seu mandato (2018) não fez obras.
Após assumir a governação em 2018 o Governo do primeiro-ministro Jorge Bom Jesus moveu um processo-crime contra o anterior executivo alegando o desaparecimento do valor, tendo sido preso preventivamente durante cerca de quatro meses o ex-ministro do Plano, Finanças e Economia Azul e subscritor do acordo, Américo Ramos.
Entretanto, em dezembro de 2019, Ahmad Al-Mujalham, um representante do fundo do Kuwait, deslocou-se à capital são-tomense a pedido das autoridades e garantiu que o empréstimo de 17 milhões de dólares contraídos pelo então governo de Patrice Trovoada continuava disponível. Contudo, até ao momento as obras do projeto não arrancaram.
Durante a visita efetuada hoje ao hospital, o primeiro-ministro disse ter constato que "o banco de urgência é que infelizmente está em péssimas condições de infraestruturas" com consequências ao nível do atendimento e que "talvez seja o maior ponto crítico do hospital".
"Esse hospital em termos de estrutura, dispersão dos serviços não é um hospital funcional. Eu espero que desta vez possamos construir de facto um novo hospital, mas no entretanto temos que atacar o problema das urgências", disse Patrice Trovoada.
Segundo Patrice Trovoada, o problema de falta de água também está entre as prioridades do Governo, tendo recordado que nos seus anteriores executivos já houve várias intervenções e investimentos para melhorar o fornecimento de água em todo o bairro do hospital e no centro hospitalar, mas o problema persiste.
"Este hospital tem muitos problemas, de canalização mal concebida, e é lamentável que se gaste dinheiro e não temos resultados", disse Patrice Trovoada.
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