"Precisamos de ter cuidado e não criar novas dependências com a China"

O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, alertou hoje para o perigo de a Europa estar a criar "novas dependências" de regimes autoritários, como o da China, que tenta controlar "infraestruturas estratégicas" através, por exemplo, da tecnologia.

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Lusa
21/11/2022 12:43 ‧ 21/11/2022 por Lusa

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A guerra na Ucrânia, iniciada em fevereiro com uma ofensiva militar russa, "mostrou vulnerabilidades como a dependência do gás russo" que tinha a Europa, com Moscovo a usar a energia como arma de guerra, sublinhou Stoltenberg, em Madrid, numa intervenção na 68.ª sessão anual da Assembleia Parlamentar da NATO (Tratado da Organização do Atlântico Norte, a aliança de defesa entre países europeus e norte-americanos).

A Europa está a diversificar os seus fornecedores de energia e também as fontes, nomeadamente, aumentando o recurso às renováveis, segundo mencionou o representante.

"Isto é bom para a nossa segurança e é bom para o clima, mas precisamos de ter cuidado e não criar novas dependências, em especial, com a China", defendeu o secretário-geral da NATO, que acrescentou que Pequim tenta "controlar cada vez mais infraestruturas estratégicas" dos países ocidentais, como cadeias de abastecimento ou setores industriais chave, como as telecomunicações, através da tecnologia.

"Os minerais chineses raros estão presentes em todo o lado, incluindo nos nossos telefones, nos nossos carros e no nosso equipamento militar", afirmou Stoltenberg, para quem não deve ser dado "aos regimes autoritários nenhuma hipótese de explorar as vulnerabilidades" dos países da Aliança, que têm de aumentar "a resiliência" das suas sociedades e das suas infraestruturas.

Stoltenberg defendeu que este é "um esforço coletivo".

O secretário-geral da NATO lembrou que a organização, na cimeira de junho em Madrid, adotou um novo Conceito Estratégico, que enquadra a estratégia e a ação da Aliança para dez anos, que pela primeira vez refere a China.

Nesse documento, a NATO declarou a Rússia como a principal ameaça à segurança euro-atlântica e incluiu as preocupações com a China, referindo que Pequim "declarou ambições e políticas coercivas", desafiando os "interesses, segurança e valores" dos aliados.

O anterior Conceito Estratégico, aprovado em Lisboa, em 2010, não continha referências à China e considerava a Rússia como parceira estratégica da NATO.

A sessão deste ano da Assembleia Parlamentar da NATO está a decorrer em Madrid desde sexta-feira e os trabalhos terminam hoje.

A Assembleia Parlamentar da NATO integra 269 deputados dos 30 países da Aliança e outros 100 membros de Estados parceiros.

Leia Também: Apoio da NATO na Ucrânia será necessário "durante muito tempo"

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