Cerca de 70% da população de Kyiv está sem energia na manhã desta quinta-feira, na sequência de uma série de ataques com mísseis russos, durante o dia de ontem, que causaram os maiores estragos nas infraestruturas críticas do país em nove meses de guerra.
O prefeito de Kyiv, Vitali Klitschko, recorreu ao Telegram para dar conta de que as empresas de energia estão a fazer todos os esforços para resolver o problema o mais depressa possível. No entanto, isso dependerá da restauração do equilíbrio no sistema energético da Ucrânia, uma vez que Kyiv faz parte do sistema nacional de energia”.
De acordo com a Reuters, os ataques aéreos contra a infraestrutura civil mergulharam as cidades ucranianas na escuridão e no frio com o início do inverno.
Recorde-se que a Organização das Nações Unidas (ONU) alertou na quarta-feira para o risco de um "inverno catastrófico" para milhões de ucranianos, após os mais recentes "ataques implacáveis e generalizados" por parte da Rússia contra civis e importantes infraestruturas.
Em mais uma reunião do Conselho de Segurança da ONU para debater a situação na Ucrânia, e convocada de urgência, a subsecretária-geral para Assuntos Políticos e de Consolidação da Paz da ONU, Rosemary DiCarlo, deu detalhes sobre a nova onda de ataques russos com recurso a mísseis e drones que, durante a noite passada, aterrorizou o povo de Kyiv, Odessa, Lviv, Mykolaiv, Kharkiv e Zaporíjia, e que deixaram pelo menos quatro mortos e 30 feridos.
"Enquanto os ucranianos procuravam desesperadamente abrigo dos bombardeamentos, eles também tiveram que lidar com temperaturas congelantes. De facto, esses últimos ataques renovam o medo de que este inverno seja catastrófico para milhões de ucranianos, que enfrentam a perspetiva de meses de frio sem aquecimento, eletricidade, água ou outros serviços básicos", disse DiCarlo.
"Mesmo antes dos últimos ataques, as autoridades ucranianas informaram que praticamente não havia grandes centrais termoelétricas ou hidroelétricas intactas na Ucrânia. O bombardeamento de hoje [ontem] provavelmente tornará a situação ainda pior", avaliou a representante da ONU.
DiCarlo deixou claro que os ataques contra civis e infraestruturas civis são proibidos pelo direito humanitário internacional e exigiu à Russia que "cesse imediatamente essas ações".
"Tem de haver responsabilidade por violação das leis de guerra", insistiu.
A seguir foi a vez do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, falar - por videochamada, tendo pedido que a "justiça dentro das estruturas da ONU" seja restaurada, criticando o facto de a Rússia, como responsável "por todo este terror", continue a ter poder de veto dentro do Conselho de Segurança, onde tem bloqueado todas as tentativas de ação contra a sua agressão.
"Não podemos ser reféns de um terrorista internacional. Com temperaturas abaixo de zero, vários milhões de pessoas sem abastecimento de energia, sem aquecimento e sem água, isso é obviamente um crime contra a humanidade", apontou Zelensky.
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