"Estamos a falar de um grupo que é indiciado pela prática dos crimes de roubo, associação criminosa e armas proibidas. Estes que teriam participado no rapto que ocorreu no dia 21 de fevereiro do ano em curso, em que foi vítima um cidadão de nacionalidade moçambicana", disse Hilário Lole, porta-voz do Sernic na cidade de Maputo, durante uma conferência de imprensa.
Um luso-moçambicano foi raptado em 21 de fevereiro por um grupo de quatro pessoas armadas na Polana Caniço, na cidade de Maputo, capital de Moçambique, disse à Lusa fonte do Sernic.
"A vítima é um indivíduo de origem portuguesa de 57 anos", disse à Lusa Hilário Lole.
Segundo a polícia, o homem foi raptado por volta das 07:00 (menos duas horas em Lisboa), no recinto do Comité Olímpico, no bairro Polana Caniço, uma zona nobre da capital moçambicana, por quatro homens com uma AK47.
Em declarações à comunicação social, o porta-voz do Sernic disse que na operação que culminou com a detenção dos três suspeitos, a polícia apreendeu igualmente uma arma do tipo pistola com 16 munições e outra munição de uma arma de fogo do tipo AK47, tendo assegurado que decorrem investigações para a neutralização de outros quatro envolvidos.
A polícia moçambicana indicou que um dos indiciados é parte dos mais de 1.500 reclusos evadidos em dezembro passado dos estabelecimentos Penitenciário Especial da Máxima Segurança e Provincial de Maputo, localizados na província de Maputo.
No dia 25 de dezembro passado, 1.534 reclusos fugiram, após rebeliões nos estabelecimentos acima referenciados, localizados a mais de 14 quilómetros do centro da capital moçambicana, em que as autoridades policiais consideraram tratar-se de "uma ação premeditada" e da responsabilidade de manifestantes que, desde outubro, estão na rua a protestar contra os resultados das eleições gerais.
Desde 2011, uma onda de raptos afeta Moçambique e as vítimas são, sobretudo, empresários e seus familiares, principalmente pessoas de ascendência asiática, um grupo que domina o comércio nos centros urbanos das capitais provinciais no país.
Cerca de 150 empresários foram raptados em Moçambique nos últimos 12 anos e uma centena deixou o país por receio, segundo números divulgados em julho pela Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), que defende que é tempo de o Governo dizer "basta".
A maioria dos raptos cometidos em Moçambique é preparada fora do país, sobretudo na África do Sul, disse, em abril de 2024, no parlamento, a antiga procuradora-geral da República Beatriz Buchili.
A polícia moçambicana registou, até março de 2024, um total de 185 raptos e pelo menos 288 pessoas foram detidas por suspeitas de envolvimento neste tipo de crime desde 2011, indicam os últimos dados avançados pelo Ministério do Interior.
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