Cimeira deve aprovar decisão "histórica" que protege tubarões

A cimeira sobre o comércio internacional de espécies ameaçadas decide hoje se ratifica uma iniciativa "histórica" para proteger cerca de 50 espécies de tubarões, ameaçados pelo aumento da venda de barbatanas para fazer sopas na Ásia.

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Lusa
25/11/2022 07:21 ‧ 25/11/2022 por Lusa

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Tubarões

Este tema foi o mais discutido na 19.ª Conferência das Partes (COP19) da CITES, a Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas de Fauna e Flora Selvagens, que reúne 183 países e a União Europeia (UE) e que decorre no Panamá.

Este debate deveria ter sido decidido na quinta-feira em plenário, mas as votações, em particular sobre a proteção dos hipopótamos em África, demoraram mais do que o previsto, tendo a questão dos tubarões sido adiada para o plenário de hoje.

Sobre os hipopótamos, a UE opôs-se a uma proposta apoiada pelos estados africanos liderados pelo Togo.

Os africanos pretendiam impor "uma cota zero" de comercialização para garantir uma melhor proteção da espécie, perante a caça furtiva e o tráfico de marfim de hipopótamo. Esta moção foi rejeitada.

Em comunicado divulgado na quinta-feira, a Fundação Brigitte Bardot denunciou "uma promoção para venda da vida selvagem" e "uma atitude obstrutiva e condescendente [da UE], ao bloquear a proteção solicitada por muitos países para a proteção das suas espécies endémicas", como o hipopótamo.

A cimeira, que começou em 14 de novembro e termina hoje, pode incluir tubarões requiem (Carcharhinidae) e tubarões-martelo (Sphynidae) no Anexo II da Convenção, que limita estritamente o comércio de certas espécies.

Esta iniciativa conta com o apoio da UE e de cerca de quinze países, entre estes o Panamá, anfitrião da cimeira.

Estas são espécies que ainda não estão ameaçadas de extinção, mas que podem tornar-se, caso o seu comércio não seja estritamente controlado. O Anexo I proíbe completamente o comércio de certas espécies.

Caso o plenário de hoje aprove a iniciativa, esta "será uma decisão histórica porque pela primeira vez a CITES se posicionará sobre um número muito grande de espécies de tubarões que representam aproximadamente 90% do mercado", apontou à agência France-Presse (AFP) a representante do Panamá, Shirley Binder.

O mercado de barbatanas de tubarão ultrapassa os 500 milhões de dólares por ano (cerca de 483 milhões de euros). Estas podem ser vendidas por 1.000 dólares o quilo (cerca de 960 euros) no leste da Ásia para fazer as famosas sopas.

Antes de ser marcada a votação, decorreu um intenso debate de três horas em 17 de novembro, com o Japão e o Peru a proporem a exclusão de certas espécies das medidas de proteção, pedido que foi rejeitado por voto secreto.

O plenário também deve votar a ratificação de uma proposta sobre a proteção de uma espécie de raia (Rhinobatidae).

No total, os participantes da cimeira analisaram 52 propostas para alterar os níveis de proteção de certas espécies.

A CITES, em vigor desde 1975, estabelece as regras para o comércio internacional de mais de 36.000 espécies selvagens, desde a emissão de licenças -- são autorizadas mais de um milhão de transações por ano - até à proibição total.

Organizada a cada dois ou três anos, a cimeira ocorreu este ano à sombra e sob a influência de outras duas conferências da ONU, também cruciais para o futuro dos seres vivos do planeta: a COP27 sobre o clima, que terminou no domingo no Egito e a COP15 sobre proteção da biodiversidade, que decorre em dezembro em Montreal.

Leia Também: Duas pessoas atacadas por tubarões no mesmo dia na Carolina do Sul

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