"A revisão dos P-DDRCS (Programas de Desmobilização, Desarmamento, Recuperação Comunitária e Estabilização), bem como a incorporação das recomendações dos grupos armados sobre a sua liderança, foi alvo de um acordo", disse a EAC, um bloco regional de sete países que acolheu o diálogo, através de uma declaração.
Durante as conversações, que começaram em 30 de novembro e terminaram na segunda-feira na capital queniana, tanto o Governo congolês como os grupos armados apelaram também à comunidade internacional para "apoiar" o P-DDRCS.
Entre outros acordos, o Presidente congolês, Felix Tshisekedi, concordou com a libertação de "prisioneiros sem registo criminal de atrocidades ou condenações penais", com o envolvimento das comunidades que vivem em redor de áreas naturais protegidas em programas de conservação, e com consultas para proporcionar mais oportunidades económicas para a população.
Por exemplo, o executivo concordou em reunir-se com as comunidades da província oriental de Maniema para discutir como a população local pode participar e beneficiar da exploração mineira na região, onde são extraídos cobre, diamantes, ouro, cobalto, volframite e cassiterite.
Os grupos rebeldes, por seu lado, comprometeram-se a manter a cessação das hostilidades e a libertar "crianças soldados" das suas fileiras, bem como a permitir a entrada de trabalhadores humanitários nas suas áreas.
As conversações terminaram no meio de ameaças de boicote por parte de alguns grupos armados, que se queixaram de não terem recebido dinheiro suficiente para cobrir as suas ajudas de custo durante as reuniões.
As queixas suscitaram segunda-feira protestos do ex-presidente queniano Uhuru Kenyatta, que está a participar nas conversações de paz como mediador da EAC.
"Este dinheiro não lhes pertence. O dinheiro é para nos ajudar a trazer a paz à RDCongo", disse Kenyatta, visivelmente irritado.
"Não pensem que a questão da paz é uma brincadeira ou um jogo", acrescentou o ex-presidente, que devia encerrar o fórum na segunda-feira, mas adiou o encerramento para terça-feira, para que as exigências dos grupos armados pudessem ser satisfeitas.
Esta é a terceira vez este ano que grupos armados se reúnem em Nairobi para conversações de paz.
O grande ausente das conversações é o Movimento 23 de Março (M23) rebelde, cuja luta contra o exército congolês desde março passado, quando voltou a operar após anos de inatividade, levou à deslocação forçada de pelo menos 340.000 pessoas, de acordo com os últimos números da ONU.
O leste da RDCongo tem estado mergulhado em conflito há mais de duas décadas, alimentado por milícias rebeldes e pelo exército, apesar da presença da missão de manutenção da paz da ONU (Monusco).
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