Rei neerlandês ordena investigação ao papel da monarquia no colonialismo
Os Países Baixos foram um dos principais países europeus esclavagistas, a par de Portugal.
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Mundo Colonialismo
O rei dos Países Baixos ordenou a criação de uma comissão para investigar o papel da família real neerlandesa no passado colonial do país, segundo informou esta terça-feira os serviços do governo, citados pelo The Guardian.
A investigação será levada a cabo por três historiadores e um especialista em direitos humanos, e levará três anos para analisar o colonialismo neerlandês que começou a partir do século XVI.
No comunicado, o rei Willem-Alexander afirmou que um "profundo conhecimento do passado é essencial para compreender os factos históricos e desenvolvimentos e ver o seu impacto nos seres humanos e nas comunidades da forma mais clara e honesta possível.
A medida surge numa altura em que o governo dos Países Baixos se prepara para pedir desculpas pelo colonialismo e para pagar cerca de 200 milhões de euros num fundo de reparações históricas aos territórios e instituições afetadas pela escravatura do país, além de estar previsto um investimento de 27 milhões para abrir um museu dedicado à escravatura.
Este ano, o banco central neerlandês também pediu desculpas pelo seu papel no mercado da escravatura durante os séculos de colonização europeia pelo mundo, nos quais os países europeus, como Portugal, Espanha, Reino Unido, França, Bélgica e outros levaram a cabo atividades que são hoje considerados crimes contra a humanidade.
Os Países Baixos celebram este ano o 150.º aniversário da abolição da escravatura no país, depois de ter sido uma das principais nações esclavagistas durante o século XVII. Estima-se que o mercado transatlântico de escravos, entre os séculos XIV e XVIII, tenha deslocado cerca de 11 milhões de pessoas provenientes do continente africano, com Portugal a ser considerada a maior nação esclavagista desse período, levando mais de quatro milhões de escravos para o continente americano (a maioria para o Brasil).
Relativamente aos neerlandeses, vários países e instituições reclamam reparações pelo impacto da escravatura e do colonialismo no seu futuro, nomeadamente no Suriname.
Segundo os dados oficiais do governo neerlandês, a Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais, que operou durante o período de expansão marítima e colonialismo, traficou cerca de 600 mil pessoas pelo mundo, forçadas a trabalhar nas plantações controladas pelo país nas Caraíbas e na América do Sul.
O império neerlandês foi um dos primeiros a procurar o estabelecimento de colónias, depois de Portugal e Espanha. A proficiência dos Países Baixos no mercado marítimo permitiu uma expansão enorme no século XVII, Amesterdão tornou-se num dos mais importantes centros económicos mundiais, e algumas das mais conhecidas colónias foram o Suriname e o Sri Lanka (na altura designado Ceilão).
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