Numa altura em que o Irão já fornece ao Exército russo 'drones' (aeronaves não-tripuladas) para uso na Ucrânia, John Kirby, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional do executivo norte-americano, realçou que, em troca, a Rússia "ofereceu ao Irão um nível sem precedentes de apoio militar e técnico" e que este relacionamento está a transformar-se numa "parceria de defesa completa".
O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA vincou ainda que este desenvolvimento é "prejudicial" para a Ucrânia, para os países vizinhos do Irão e para "a comunidade internacional".
Segundo os serviços de informação norte-americanos, Moscovo e Teerão planeiam em particular lançar a produção conjunta de 'drones suicidas' na Rússia, acrescentou John Kirby, sem dar mais detalhes sobre o andamento deste projeto.
O Irão pondera também vender "centenas" de mísseis balísticos à Rússia, referiu, insistindo numa informação que os norte-americanos já tinham tornado pública.
Moscovo está a preparar-se ainda, segundo Washington, para fornecer ao Irão equipamentos "sofisticados", como helicópteros, sistemas de defesa antiaérea e aeronaves de combate, disse John Kirby.
Referindo-se aos relatos de que os pilotos iranianos começaram a treinar na Rússia nos caças russos Su-35, Kirby apontou que "o Irão pode receber os aviões [de combate] no próximo ano", o que "aumentaria significativamente" as capacidades aéreas de Teerão.
A embaixadora do Reino Unido nas Nações Unidas, Barbara Woodward, também emitiu uma declaração a acusar Teerão e Moscovo: "A Rússia nega esses planos. Mas eles também negaram que iriam invadir a Ucrânia, então não acreditamos neles".
Já o Ministério dos Negócios Estrangeiros britânico, por sua vez, denunciou as "transações sórdidas" entre Moscovo e Teerão.
John Kirby destacou ainda que Washington espera que o Irão "mude de rumo", assegurando que utilizará "todos os meios à disposição para expor e interromper estas atividades".
O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional adiantou que os Estados Unidos vão sancionar "três entidades com sede na Rússia" particularmente ativas na "aquisição e uso de 'drones' iranianos".
Os Estados Unidos estão também a considerar "outras medidas de controlo de exportação", alegadamente para "restringir o acesso do Irão a tecnologias sensíveis".
Estas acusações dos EUA e do Reino Unido surgem horas antes de uma nova reunião do Conselho de Segurança da ONU sobre a Ucrânia, centrada na questão do fornecimento de armas para ambos os lados.
A ofensiva militar da Rússia na Ucrânia foi lançada a 24 de fevereiro e justificada por Vladimir Putin com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia.
A invasão foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 6.702 civis mortos e 10.479 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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