"Da parte da Itália, nunca faltará uma resposta solidária, mas também é preciso que se respeitem as regras, também pelas organizações não-governamentais" (ONG), disse o ministro dos Negócios Estrangeiros italiano, Antonio Tajani, em Alicante, Espanha, onde participa na Cimeira Euro-mediterrânica.
Em causa estão os navios Geo Barents, dos Médicos Sem Fronteiras (MSF) franceses, com 248 migrantes, o Humanity 1, da alemã SOS Humanity, com 261, e o Louis Michel, com 33.
No início do dia de hoje, a Itália tinha autorizado este último, de bandeira alemã, financiado e decorado pelo artista Banksy, a desembarcar os seus 33 resgatados em Lampedusa, na Sicília.
Depois, durante a tarde, as autoridades italianas afirmaram à tripulação do Geo Barents, da ONG francesa MSF, que rumasse para Salerno, nas proximidades de Nápoles.
Os MSF adiantaram que a viagem ainda vai durar 24 horas com o mar em más condições, mas que a designação do porto foi "um alívio para as crianças, mulheres e os homens que já passaram experiências horríveis desde que saíram dos seus países".
A seguir, foi o Humanity 1 a receber a boa notícia, depois de ter solicitado por cinco vezes autorização para atracar em Itália, tendo-lhe sido destinado o porto de Bari, na Apúlia.
Precisamente, pouco depois de a Itália ter aberto os seus portos a estes navios, o embaixador alemão em Roma, Viktor Elbling, anunciou que o seu país ia receber os primeiros 164 candidatos a asilo chegados a Itália.
Pouco depois de chegar ao poder em setembro, o governo de extrema-direita, chefiada por Giorgia Meloni, argumentou que os países sob cujas bandeiras os navios navegam é que são os responsáveis por aceitar os migrantes e que a Itália iria deixar de ser de facto o porto de entrada automática destes na União Europeia.
Roma adiantou que iria apenas autorizar o desembarque de migrantes em estado de "vulnerabilidade".
Esta política provocou um confronto diplomático com a França no mês passado, estando em causa o destino do navio Ocean Viking e dos 234 migrantes que tinha a bordo.
Durante semanas, a Itália recusou que o navio acostasse nos seus portos, forçando a França e acolhê-lo.
Grupos de ajuda e peritos legais argumentaram que a política italiana desrespeita a lei internacional e as convenções marítimas, que requerem que as pessoas resgatadas sejam desembarcadas tão depressa quanto possível no porto de segurança mais próximo.
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