"Opomo-nos terminantemente a isso, rejeitamo-lo terminantemente. Não o apoiamos em absoluto", vincou Gabriel Escobar, o enviado dos EUA para os Balcãs ocidentais, em declarações à rádio Free Europe em albanês, durante uma visita a Pristina.
Escobar indicou que não espera qualquer incursão da Sérvia na sua antiga província e afirmou que "o Kosovo tem firmes garantias de segurança dos Estados Unidos, reveladas pela sua participação na Kfor", a força da NATO no território.
O Governo da Sérvia indicou que pretende solicitar quinta-feira à Kfor autorização para enviar tropas, argumentando que a Resolução 1244 do Conselho de Segurança da ONU de 1999 reconhece a possibilidade de deslocar até 1.000 soldados para proteger edifícios cristãos ortodoxos e passagens fronteiriças.
Esta resolução foi aprovada após a guerra entre as forças sérvias e os separatistas armados albaneses kosovares, que terminou em meados de 1999 após vários anos de conflito.
Belgrado pretende enviar as suas forças em resposta ao envio pelo Governo de Pristina de forças especiais da sua polícia para o norte do território, onde se concentra parte considerável da minoria sérvia.
No norte do Kosovo permanece um vazio de autoridade desde o início de novembro, quando todos os representantes da minoria sérvia, incluindo polícias e juízes, decidiram demitir-se de funções em protesto pelas decisões de Pristina que consideram unilaterais e discriminatórias.
As frequentes tensões entre o Kosovo e a Sérvia agravaram-se no passado fim de semana, na sequência do bloqueio das estradas do norte do Kosovo pela população sérvia, em protesto pela detenção de um ex-polícia desta comunidade e que foi considerada uma ação de intimidação.
Belgrado nunca reconheceu a secessão unilateral do Kosovo em 2008, proclamada na sequência de uma guerra iniciada com uma rebelião armada albanesa em 1997 que provocou 13.000 mortos, na maioria albaneses, e motivou uma intervenção militar da NATO contra a Sérvia em 1999, à revelia da ONU.
Desde então, a região tem registado conflitos esporádicos entre as duas principais comunidades locais, num país com um terço da superfície do Alentejo e cerca de 1,7 milhões de habitantes, na larga maioria de etnia albanesa e religião muçulmana.
O Kosovo independente foi reconhecido por cerca de 100 países, incluindo os Estados Unidos, que mantêm forte influência sobre a liderança kosovar, e a maioria dos Estados-membros da UE, à exceção da Espanha, Roménia, Grécia, Eslováquia e Chipre.
A Sérvia continua a considerar o Kosovo como parte integrante do seu território e Belgrado beneficia do apoio da Rússia e da China, que à semelhança de dezenas de outros países (incluindo Índia, Brasil ou África do Sul) também não reconheceram a independência do Kosovo.
A UE considera que a normalização das relações entre a Sérvia e o Kosovo é condição indispensável para uma potencial adesão.
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