A teia de polémicas em torno de um alegado esquema de corrupção entre o Qatar e o Parlamento Europeu adensa-se. Nesta quinta-feira, os jornais Le Soir e o italiano La Repubblica revelaram que Francesco Giorgi, um dos quatro detidos no âmbito do denominado caso 'Qatargate, admitiu participação no esquema.
"Fi-lo por dinheiro e não porque preciso", justificou Giorgi, que trabalha como assistente parlamentar em Bruxelas, e que acusou o ex-eurodeputado italiano Pier Antonio Panzeri - um dos detidos - de ser o 'cérebro' do esquema, após terem sido encontrados 600 mil euros em sua casa.
Na residência onde vive Giorgi, em conjunto com a ex-vice-presidente do Parlamento Europeu, Eva Kaili, e com a filha do casal, de 22 meses de idade, foram encontrados pela polícia belga 150 mil euros. O italiano nega, no entanto, que a companheira - também ela uma das detidas - tenha tido qualquer envolvimento.
Giorgi é, para além de assessor parlamentar, membro da organização não-governamental (ONG) Sem Paz Sem Justiça, liderada pelo italiano Niccolò Figà-Talamanca. É acusado de ser o responsável por receber subornos em troca de benefícios ao Qatar, numa missão por 'limpar' a imagem desse país junto da União Europeia (UE). Às autoridades, terá ainda revelado a participação de mais dois eurodeputados: o italiano Andrea Cozzolino e o belga Marc Tarabella.
Seguindo a detenção de Eva Kaili, o seu representante legal na Grécia afirmou que a mesma é inocente, e que não teria conhecimento do dinheiro encontrado em sua casa.
O Ministério Público belga descobriu grandes quantias de dinheiro vivo que alegadamente terão sido dadas a vários eurodeputados pelo Qatar para defender os seus interesses políticos no Parlamento Europeu, o que resultou, até agora, em quatro detenções. A mais 'marcante' foi a da ex-vice-presidente desse órgão, Eva Kaili, que acabou por ser destituída do cargo, bem como expulsa do seu partido, o PASOK.
Nesta quinta-feira, a Procuradoria Europeia requereu o levantamento da imunidade parlamentar de duas eurodeputadas gregas, uma delas Eva Kaili, no âmbito de uma investigação, separada da do Qatar, levada a cabo pelo Organismo Europeu de Luta Antifraude (OLAF) sobre a utilização de subsídios parlamentares e, em particular, a remuneração dos assistentes, refere a instituição num breve comunicado.
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