Cinco agentes acusados de homicídio violento de homem negro no Louisiana

A polícia é acusada de encobrir a intervenção e de mentir constantemente à família e à justiça sobre as causas da morte de Robert Greene, em mais um caso que demonstrou o racismo nas forças policias norte-americanas.

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Notícias ao Minuto
16/12/2022 09:38 ‧ 16/12/2022 por Notícias ao Minuto

Mundo

Estados Unidos

Cinco polícias do estado norte-americano do Louisiana foram oficialmente acusados de crimes relacionados com a morte de Ronald Greene, um homem negro que morreu em 2019 devido à ação violenta dos agentes.

O caso, que surgiu bem antes do movimento Black Lives Matter ('Vidas Negras Importam', em português) ganhar uma preponderância internacional após a morte de George Floyd, em 2020, foi encoberto pelas autoridades até uma investigação da Associated Press, de setembro de 2021, ter obrigado a justiça norte-americana a investigar a polícia e o governador do estado.

Em vídeos de bodycams (câmaras corporais) divulgados pela comunicação social (que foram constantemente negados pela polícia de Louisiana), ficou provado que as autoridades mentiram quando Greene, de 49 anos, morreu na sequência de um acidente rodoviário. Na realidade, as imagens mostraram os agentes a agredir o homem e a arrastá-lo pelos tornozelos pela estrada, enquanto este gritava que estava assustado.

Segundo a NBC News, a maior acusação é contra Kory York, o agente do departamento policial de Union Parish, que arrastou Ronald Greene e o manteve no chão de barriga para baixo durante nove minutos. O polícia é acusado de homicídio por negligência e outros dez crimes de agressão. Outros agentes foram acusados de negligência e obstrução à justiça.

O procurador-distrital de Union Parish, John Belton, já pediu mandatos de captura para os cinco agentes. A NBC News explica que Belton não pediu mais cedo as detenções porque o Departamento de Justiça tem investigado o caso, sendo que, agora, os investigadores estão cada vez menos certos que os polícias tiveram uma conduta "correta".

Aliás, em novembro, foram divulgadas novas provas que confirmaram abusos de força e de autoridade pelos agentes, que terão deixado Greene algemado e ferido no chão durante vários minutos, antes de pedirem assistência médica. Foi nesta nova vaga de provas que um especialista classificou a morte de Greene como um homicídio.

Uma história suspeita desde o primeiro capítulo

Em maio de 2019, a polícia contou aos familiares de Ronald Greene que este morrera num acidente, após uma perseguição policial na região de Monroe, no Louisiana. No entanto, a família e os médicos contestaram esta tese, já que os ferimentos do homem demonstravam claramente que este tinha sido agredido. Ainda assim, as autoridades foram sempre omitindo informações, impedindo a cedência de imagens de bodycams. que 

Apenas 462 dias depois do homicídio é que a polícia ordenou que a atuação das autoridades fosse investigada.

As imagens foram divulgadas mais de dois anos depois pela Associated Press. No vídeo, é possível ver Greene a ser insultado, agredido na cabeça, atordoado com um 'taser', arrastado e algemado, enquanto este grita: "Sou vosso irmão! Estou assustado, estou assustado!". O homem é depois virado de estômago para baixo, uma técnica que as autoridades federais têm proibido por ser perigosa para a respiração.

Alertamos para a violência das imagens abaixo, que podem ferir a suscetibilidade dos leitores mais sensíveis.

O caso acabou por ser um reflexo da forma racista como as autoridades no Louisiana têm encoberto ações policiais violentas contra pessoas negras, nas quais mentiram sobre os motivos das detenções dos suspeitos e sobre os seus ferimentos, e negaram informações a autoridades judiciais e à comunicação social.

O próprio governador do estado, John Bel Edwards, tem sido muito criticado pela forma como a região tem supervisionado intervenções da polícia, e um painel do Departamento de Justiça está a investigar Edwards, sob suspeitas que este terá tido conhecimento da morte de Greene e que a terá ocultado da família e da justiça.

À NBC News, a mãe da vítima, Mona Hardin, confessou estar "entusiasmada" com as acusações, depois de três anos passados a pressionar todas as autoridades policiais e  políticas, mas questionou se estas se traduzirão em responsabilização. "Apesar de estarmos contentes, queremos consequências", afirmou.

Leia Também: Três anos de prisão para ex-polícia envolvido na morte de George Floyd

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