"Esperamos que o Ruanda cesse imediatamente todo o apoio ao M23 e contribua para uma resolução rápida da crise no Kivu do Norte (província do nordeste da RDCongo)", afirmou a embaixada alemã em Kinshasa, numa mensagem na rede social Twitter.
A acusação alemã foi feita poucas horas depois de a França também ter responsabilizado o Ruanda pelo apoio aos rebeldes.
Por seu lado, o diretor para a África subsaariana e Sahel do Ministério dos Negócios Estrangeiros alemão, Christoph Retzlaff, qualificou de "desastrosa" a "situação" no território de Rutshuru (nordeste), onde se registam muitos combates opondo o M23 contra posições do Exército da RDCongo.
"A França condena o apoio fornecido por Ruanda ao grupo armado M23", disse hoje à imprensa em Kinshasa a vice-ministra francesa para Europa e Relações Exteriores, Chrysoula Zacharopoulou, no âmbito de uma visita àquele país.
Alemanha e França responderam assim aos protestos do Governo de Kinshasa, que acusa reiteradamente Ruanda de colaborar com o M23.
Desde março passado, quando os rebeldes reiniciaram as hostilidades após anos de calmaria, o M23 assumiu o controlo de inúmeras áreas no leste da RDCongo e os combates forçaram mais de 450.000 civis a fugir das suas casas, segundo os mais recentes relatórios das Nações Unidas.
Em agosto passado um relatório de um especialista da ONU apontou para a cooperação do Ruanda com os rebeldes, mas Kigali sempre negou a alegação.
Pelo contrário, Kigali, bem como o M23, acusam o Exército da RDCongo de se aliar aos rebeldes das Forças Democráticas de Libertação do Ruanda (FDLR), fundadas em 2000 por líderes do genocídio de 1994 e outros ruandeses exilados na RDCongo que tentam recuperar o poder político no seu país de origem.
A ONU também confirmou esta colaboração entre a RDCongo e a FDLR.
O M23 foi criado em 2012, quando soldados da RDCongo se revoltaram pela perda do poder do seu líder, Bosco Ntaganda, acusado pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) por crimes de guerra e por supostas violações do acordo de paz assinado em 23 de março de 2009, data que os rebeldes escolheram para a sua designação.
O grupo exigiu a renegociação daquele acordo assinado pelos guerrilheiros do Congresso Nacional Congolês para a Defesa do Povo (CNDP) para a sua integração no Exército, a fim de melhorar as suas condições.
O CNDP, formado principalmente por tutsis (grupo que sofreu em grande medida com o genocídio no Ruanda em 1994), foi formado em 2006 para, entre outros objetivos, combater os hutus das FDLR.
O leste da RDCongo está mergulhado num conflito alimentado por milícias rebeldes e pelo Exército há mais de duas décadas, apesar da presença da missão de paz das Nações Unidas (Monusco).
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