As autoridades turcas transmitiram ao representante francês a sua "preocupação" pela "propaganda negra contra a Turquia" durante os recentes protestos de rua, assinalou a agência noticiosa oficial turca Anadolu, ao citar fontes diplomáticas.
No domingo, altos responsáveis turcos tinham já denunciado a existência de símbolos e palavras de ordem de apoio ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) -- a guerrilha curda da Turquia considerada terrorista por Ancara e pela União Europeia (UE) --, no decurso das manifestações na capital francesa que eclodiram logo após o assassinato de três destacados membros da comunidade curda local.
Hoje, o ministério turco queixou-se ao representante diplomático de França de que "alguns responsáveis do Governo francês e diversos políticos foram utilizados como instrumentos dessa propaganda", assinalou a agência Anadolu, mas sem especificar a quem se referiam as autoridades de Ancara.
No domingo, um conselheiro especial do Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, condenou os incidentes violentos em Paris e acusou o PKK.
Durante um novo protesto que hoje decorreu em Paris, uma porta-voz dos curdos de França sugeriu o envolvimento do Governo turco nos assassinatos, cujo principal acusado é um ferroviário reformado de 69 anos, previamente condenado por outros atos violentos contra migrantes.
As manifestações em homenagem aos três curdos mortos em Paris foram assinaladas por cenas de violência e confrontos com a polícia de intervenção, com dezenas de feridos e de detenções.
O reformado francês disse ter atuado por "ódio patológico" aos estrangeiros, após a sua detenção no local do ataque.
No decurso das manifestações, foram ecoadas palavras de ordem, como "Viva a resistência do povo curdo!".
A França está a investigar este ataque, que também provocou três feridos, como um ato racista, mas não terrorista, decisão que motivou protestos da esquerda francesa.
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