Covid-19. Viagens no Ano Novo Lunar preocupam zonas rurais da China

O número de casos não pára de subir no país, mas os números apresentados pelas autoridades não condizem com os que são avançados pelas autoridades internacionais, que apontam para cerca de 9.000 mortes por dia.

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Notícias ao Minuto
30/12/2022 19:34 ‧ 30/12/2022 por Notícias ao Minuto

Mundo

Covid-19

Numa altura que a China está a enfrentar uma das piores vagas de Covid-19 de toda a pandemia, as autoridades internacionais estão preocupadas com o impacto que poderão ter as comemorações do Ano Novo Lunar, que se celebra no país no final de janeiro.

Durante o mês de janeiro, centenas de milhões de chineses deslocam-se milhares de quilómetros para se juntarem às suas famílias para comemorar o novo ano chinês.

Esta tendência deverá assistir a um crescimento este ano, já que, pela primeira vez desde o início da pandemia, a população poderá viajar sem grandes restrições às viagens entre regiões.

A situação é particularmente preocupante durante o Ano Novo Lunar. Citada pelo The Guardian, a empresa de análise de saúde pública britânica Airfinity alerta que muitos cidadãos de zonas mais afetadas deverão levar o vírus da Covid-19 para zonas mais isoladas e rurais do país, onde há menos hospitais e menos profissionais de saúde, impossibilitando assim uma resposta adequada.

Assim, prevê-se um crescimento da pandemia ainda maior, numa altura em que os líderes ocidentais mostram-se cada vez mais preocupados com o fim de todas as restrições às viagens na China.

Também ao The Guardian, o professor de gestão pública, Jeremy Wallace, da Universidade de Cornell, disse estar "surpreendido que a mensagem oficial seja de negação quanto à profundidade desta onda e, tanto quanto tenho visto, não existe comunicação sobre achatar a curva para reduzir a pressão sobre os sistemas de saúde sobrecarregados".

"Como tal, espero por um número de mortes estonteante, tal como foi previsto por modelos que analisaram a experiência em Taiwan, Coreia do Sul e Hong Kong", acrescentou o especialista.

A Comissão Nacional de Saúde chinesa registou a 19 de dezembro as primeiras mortes por Covid-19 em várias semanas, mas desde então, o regime deixou de divulgar regularmente os dados sobre o número de casos diários e de óbitos pela doença. E os que divulga parecem muitas vezes fabricados: na sexta-feira, a comissão de saúde nacional registou 5.500 novos casos em todo o país e apenas uma morte. Mas a Airfinity estima que cerca de 9.000 pessoas estejam a morrer por dia por Covid-19, com o valor a poder crescer para 25 mil mortes por dia.

Apesar de, inicialmente, as medidas de restrição terem prevenido um número muito grande casos comparativamente com o resto do mundo, a verdade é que o governo desincentivou à vacinação e manteve uma polícia de implementação de confinamentos ao mais pequeno surto. Em 2022, enquanto a grande maioria do globo já tinha levantado as medidas graças a taxas de vacinação altas, a China continuou a forçar dezenas de milhões de pessoas a fecharem-se em casa perante o surgimento de qualquer caso.

Agora, depois de os maiores protestos contra o regime dos últimos anos, o regime acabou por ceder e decidiu levantar as imposições, mas fê-lo sem preparar os serviços de saúde e sem incentivar à vacinação contra a Covid-19.

Atualmente, muitos hospitais chineses estão completamente sobrelotados e, apesar da intensa censura nas redes sociais levada a cabo pelo regime de Pequim, não faltam relatos de morgues cheias e filas às portas para as pessoas recolherem os seus familiares.

Entretanto, vários países já impuseram restrições aos viajantes provenientes da China, e o Governo português avançou esta sexta-feira que está a avaliar fazer o mesmo.

Leia Também: Governo prepara medidas para controlo da Covid-19 em passageiros da China

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