A publicação norte-americana cita autoridades alemãs e romenas que afirmam que a decisão responde a uma crise de munições e armas na Europa, enquanto alguns dos maiores fabricantes de armas do mundo têm dificuldades para produzir munições suficientes para a Ucrânia e para a Europa, pondo em risco a capacidade de defesa da NATO e o apoio a Kiev.
Os esforços para aumentar a produção estão a ser atrasados pela falta de capacidade de produção, falta de trabalhadores qualificados, bloqueios nas cadeias de abastecimento, elevados custos de financiamento e mesmo regulamentos ambientais.
O projeto pode ser tornado público até ao final deste mês, mas não foram dados detalhes sobre a localização da fábrica e do seu proprietário, disseram fontes citadas pelo Wall Street Journal.
O destino militar da Ucrânia, escreve a mesma publicação, depende de países europeus como a Alemanha, que deixaram a sua indústria de defesa enfraquecer em tempo de paz e estão agora a tentar recuperar o atraso.
O conflito na Ucrânia está a consumir munições a um ritmo não visto desde a 2ª Guerra Mundial. As forças de Kiev têm disparado cerca de 6.000 projécteis de artilharia por dia e estão agora a ficar sem mísseis antiaéreos no meio de ataques aéreos russos diários, de acordo com especialistas e funcionários dos serviços secretos citados pelo jornal norte-americano.
A Ucrânia utiliza até 40.000 cartuchos de artilharia de 155 mm de calibre NATO todos os meses, enquanto a produção anual total de tais cartuchos na Europa é de cerca de 300.000, de acordo com Michal Strnad, proprietário do Czechoslovak Group AS, uma empresa checa responsável por cerca de 30% da produção europeia deste tipo de munições.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 14 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 7,8 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Neste momento, 17,7 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 6.884 civis mortos e 10.947 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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