O presidente do departamento de Relações Externas da Igreja do Patriarcado de Moscovo, António Metropolita de Volokolamsk, e o seu adjunto, Ivan Nikolaev, assistirão à cerimónia, representação confirmada pelo gabinete de imprensa do Vaticano numa lista dos vários líderes da Igreja Ortodoxa que estarão presentes no funeral de quinta-feira.
Numa mensagem de condolências pela morte do Papa emérito, o patriarca Cirilo de Moscovo e Toda a Rússia, chefe da Igreja Ortodoxa russa, destacou a "cooperação fraterna" entre católicos e ortodoxos russos sob o pontificado de Bento XVI.
"Durante o pontificado de Bento XVI, as relações entre a Igreja Ortodoxa Russa e a Igreja Católica Romana desenvolveram-se consideravelmente no espírito de cooperação fraterna e no desejo de interação no caminho da superação do por vezes doloroso legado do passado", disse Cirilo numa carta enviada ao papa Francisc,o expressando condolências pela morte do papa emérito.
Cirilo salientou que a "inquestionável autoridade de Bento XVI como teólogo eminente lhe permitiu dar um contributo significativo para o desenvolvimento da cooperação inter-cristã, para o testemunho de Cristo num mundo secularizado e para a defesa dos valores morais tradicionais".
O patriarca disse que ao ter a oportunidade de se encontrar pessoalmente com o falecido Papa em várias ocasiões, pôde testemunhar "o seu profundo amor pelo cristianismo oriental e, em particular, o seu sincero respeito pela tradição da ortodoxia russa".
Francisco encontrou-se pessoalmente em 2016 com o patriarca Cirilo de Moscovo e Toda a Rússia, chefe da Igreja Ortodoxa Russa, após quase 1.000 anos de afastamento num encontro histórico no aeroporto de Havana, mas a invasão russa da Ucrânia a 24 de fvereiro provocou um distanciamento.
O Papa e o patriarca Cirilo realizaram uma reunião remota em meados de março, mas a Igreja Ortodoxa Russa acusou o pontífice de ter deturpado a conversa, e Francisco revelou numa entrevista posterior com o jornal 'Il Corriere della Sera' que Cirilo passou os primeiros 20 minutos a ler "todas as justificações para a guerra".
"Escutei e disse: Não compreendo nada disto. Irmão, não somos clérigos do Estado, não podemos usar a linguagem da política, mas a linguagem de Jesus. Somos pastores do mesmo povo santo de Deus. É por isso que devemos procurar formas de paz, parar o fogo das armas", disse Francisco.
O papa referiu também que Cirilo "não pode tornar-se acólito de Putin". Estas declarações foram criticadas pela Igreja Ortodoxa russa, que alegou que o Francisco "deturpou" a conversa entre os dois líderes religiosos.
Leia Também: Dioceses portuguesas realizam missas em memória de Bento XVI