Quando os sinos batiam as 7h00 locais (6h00 em Lisboa), já a italiana Daniela Notarbartolo, de 69 anos, caminhava na Praça de São Pedro, no Vaticano, após sete horas de comboio onde aproveitou para dormir.
Para Daniela, a sua presença no funeral do papa emérito Bento XVI tem uma justificação: "Gostamos muito dele. Reconhecemos nele uma ajuda para a nossa fé."
À mesma hora, mãe e filho, Maria, de 46 anos, e Emanuele, de 12 anos, também se dirigiam à praça. "É uma oportunidade muito importante", resumiu Emanuel Sevi, enquanto Maria Vicentini contava que já tinha assistido ao funeral do Papa João Paulo II (1920-2005).
"O amor [pelos papas] é o mesmo. Mas cresci com João Paulo II", declarou a italiana de Roma, explicando que de Bento XVI admirava, particularmente, o momento em que "ficava em adoração".
De Munique (Alemanha), Martina Scharding, de 44 anos, o marido e cinco filhos aceleravam o passo para assistir ao funeral do último papa alemão. "É uma pessoa especial, um grande teólogo, foi muito importante para a Alemanha", disse.
Pela Praça de São Pedro, onde o dispositivo de segurança é apertado e salta à vista, Frederico Batistte, de 65 anos, juntou-se, como voluntário ao grupo da Proteção Civil da região de Lazio, a cidade mais importante da região é Roma, porque hoje "é um dia importante".
Em 2005, no funeral de João Paulo II também o fez, mas a diferença é substancial. "A esta hora [07:43] já estava cheia", recordou. Cerca de 100 mil pessoas deverão assistir hoje às cerimónias fúnebres de Bento XVI, segundo as autoridades locais.
Um pouco depois, Manuel Runch, 46 anos, um padre indiano que vive e trabalha em Roma, corre para os portões com uma pasta na mão.
"O Papa Bento XVI representou para nós um farol de luz em nossa jornada de fé. Foi um professor, um guia para todos nós do mundo", disse à Lusa enquanto se dirige a passo rápido para os postos de controlo.
Mesmo antes dos portões, uma barreira de trânsito e polícia protege a área dedicada aos jornalistas - chegaram mais de mil pessoas de todo o mundo, segundo as autoridades.
Michael Brown trabalha para o Taz, um jornal de Berlim e explicou porque não se surpreendeu por não ver tantos alemães na praça.
"Embora nossos jornais tenham intitulado 'somos Papa' quando Ratzinger foi eleito, na Alemanha notamos um certo distanciamento em relação a ele, tanto pelas muitas discussões sobre abusos na Igreja, quanto por um fato muito mais simples, hoje na Alemanha a maioria das pessoas não se reconhecem em nenhuma fé", afirmou.
Sofia Castro, de 22 anos, de São Paulo, Brasil, chegou à praça com três amigas que estavam com ela de visita a Roma, em turismo.
"Somos católicos e este é um evento histórico. Acho que era necessário estar aqui para participar. Mesmo que não tenhamos conhecido bem este Papa, como cristãos é nosso dever participar".
O papa emérito Bento XVI, que morreu no sábado com 95 anos, abalou a Igreja ao resignar do pontificado por motivos de saúde, em 11 de fevereiro de 2013, dois meses antes de completar oito anos no cargo.
Joseph Ratzinger, que foi papa entre 2005 e 2013, nasceu em 1927 em Marktl am Inn, na diocese alemã de Passau, tornando-se no primeiro alemão a chefiar a Igreja Católica em muitos séculos e um representante da linha mais dogmática da Igreja.
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