McCarthy eleito, mas republicanos não escapam a momento de grande tensão

No meio das negociações entre o novo 'speaker' e a ala mais conservadora do Partido Republicano, o congressista Mike Rogers foi afastado de forma algo agressiva.

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Hélio Carvalho
07/01/2023 08:38 ‧ 07/01/2023 por Hélio Carvalho

Mundo

Estados Unidos

Depois de dias de votos e de concessões que acabaram por diluir o poder do 'speaker' da Câmara dos Representantes, Kevin McCarthy acabou por ser finalmente eleito o líder da câmara baixa do Congresso dos Estados Unidos, mas não sem antes passar por momentos muito tensos no hemiciclo.

A eleição de McCarthy só foi conseguida após 15 votações, algo quase inédito em toda a história democrática norte-americana - foi o maior número de eleições consecutivas desde 1859.

Foi num dos momentos de negociações entre republicanos, depois da 14.ª eleição, que McCarthy interpelou diretamente Matt Gaetz, um dos congressistas mais proeminentes da extrema-direita (que está sob investigação por acusações de pedofilia e tráfico de menores).

Gaetz não votou em McCarthy, mas acabou por se abster. Depois de uma troca de palavra que durou cerca de dois minutos, McCarthy é visto a afastar-se e, pouco depois, o congressista Mike Rogers encaminhou-se em direção a Gaetz, antes de ser a afastado por outro congressista, Richard Hudson.

Não se sabe o que terá motivado a interação, mas as imagens captadas pela televisão estatal C-SPAN mostraram o momento em que Hudson agarrou Rogers pela boca, enquanto se ouve alguém no hemiciclo a pedir aos homens para se "manterem cívicos".

A votação de um 'speaker', uma espécie de presidente da Assembleia da República, costuma ser rápida e simples, com o partido na maioria a acabar por eleger facilmente o seu candidato. No entanto, McCarthy enfrentou um Partido Republicano cada vez mais extremista e mais encostado à direita, e a ala ainda mais conservadora do partido obrigou o novo líder da maioria a ceder em matérias de legislativas cruciais para o país.

Apesar de ter uma maioria de 222 deputados (um dos partidos precisa de 218 para ter controlo na Câmara dos Representantes), McCarthy foi eleito com 216 votos, com alguns congressistas republicanos a marcarem presença mas a absterem-se da votação, abrindo assim caminho para que o processo finalmente terminasse.

Entre as concessões está a reposição de uma lei antiga, que permitirá que qualquer membro da Câmara possa avançar com uma moção para afastar o 'speaker', o que poderá enfraquecer ainda mais o papel de McCarthy que, apontam os especialistas políticos norte-americanos, ficou desesperado para obter o lugar que sempre quis.

McCarthy, líder da minoria republicana na Câmara dos Representantes desde 2019, viu a sua credibilidade política ser muito atacada depois de ter apoiado fervorosamente Donald Trump, aquando do ataque ao Capitólio, no dia 6 de janeiro, pelos apoiantes do ex-presidente. Aliás, apesar de ter denunciado a violência do motim nas horas após o mesmo, bastaram poucos dias para que Kevin McCarthy voltasse a socorrer Trump da imprensa e da crítica.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, já congratulou o novo 'speaker', garantindo estar "preparado para trabalhar com os republicanos".

Leia Também: McCarthy eleito líder da Câmara de Representantes dos EUA à 15.ª votação

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