Numa atualização publicada este sábado, o Estado-Maior-General das Forças Armadas ucraniano deu conta de que os trabalhadores ucranianos na central nuclear ocupada de Zaporíjia estão a ser forçados a obter passaportes russos, numa altura em que o Kremlin se prepara para anunciar uma nova mobilização de recrutas.
Num comunicado, a Ucrânia alega que as forças russas estão a impor uma "pressão psicológica e física sobre os civis de territórios ocupados ou temporariamente ocupados", de modo a recrutá-los para o lado russo.
"Os expatriados russos continuam a pressão psicológica e física sobre civis de territórios ocupados e ocupados temporariamente. Em particular, na cidade de Enerhodar, Zaporíjia, as tropas de ocupação russas forçaram cerca de 3.000 funcionários da central nuclear de Zaporíjia a obter os chamados passaportes russos", explica.
O comunicado refere também que a hryvnia, a moeda ucraniana, foi retirada de circulação depois de empresários da região terem sido intimidados, e de propriedades privadas terem sido apropriadas pelos russos.
De recordar que a central nuclear de Zaporíjia encontra-se ocupada pelos russos, quase desde o início da guerra. A região foi uma das quatro regiões a ser anexada unilateralmente pela Rússia, num anúncio de Vladimir Putin que não foi reconhecido por quase nenhum Estado no mundo.
Mesmo na Rússia, as Forças Armadas ucranianas dizem que a campanha de recrutamento está a ganhar contornos ainda mais severos, com as autoridades russas a "visitarem apartamentos e casas" em Belgorod, região russa que faz fronteira com o norte da Ucrânia, de modo a "falar sobre a popularização do serviço militar".
Na mesma atualização publicada esta manhã, o Estado-Maior-General das Forças Armadas ucraniano afirmou que foram repelidos quase 14 ataques durante a madrugada, nas regiões contestadas de Lugansk e Donetsk. As forças ucranianas também referiram um incêndio na zona de Zaporíjia, onde está localizada a central nuclear e, em Bakhmut, os ataques russos foram sentidos em 20 aldeamentos.
A guerra na Ucrânia já fez mais de 6.800 mortos entre a população civil ucraniana, segundo contam os dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos. No entanto, a organização adverte que o real número de mortos civis poderá ser muito superior, dadas as dificuldades em contabilizar mortos em zonas ocupadas ou sitiadas pelos russos - em Mariupol, por exemplo, estima-se que tenham morrido milhares de pessoas.
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