O conselheiro presidencial ucraniano, Mykhailo Podolyak, atirou, este domingo, farpas ao secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, por não “punir” a Rússia pelas ações na guerra da Ucrânia, apesar de o país ser membro do Conselho de Segurança daquele organismo.
Propondo-se a esclarecer as “razões pelas quais a guerra continua”, Podolyak apontou, em primeiro lugar, o facto de Guterres ter dispensado “a missão que investigava o assassinato dos prisioneiros de Olenivka”, controlada por separatistas pró-russos, a 29 de julho.
Nessa linha, o responsável apontou que “a Federação Russa... não dá à missão da ONU garantias de segurança e acesso ao local”, denunciando ainda que “Guterres não se oferece para punir a Federação Russa”, apesar de o país ser membro do Conselho de Segurança da ONU, agindo, por isso, “como se nada tivesse acontecido”.
Reasons why the war goes on.
— Михайло Подоляк (@Podolyak_M) January 8, 2023
1. Guterres disbanded the mission investigating the killing of Olenivka prisoners.
2. RF... doesn't give the UN mission security guarantees & access to the site.
3. RF is a UNSC member. But Guterres doesn't offer to punish RF as if nothing happened.
De notar que, a 5 de janeiro, o porta-voz da ONU, Stephane Dujarric, disse que Guterres decidiu dispensar a equipa de investigação ao ataque por falta das “devidas garantias de segurança”, esperando, contudo, “que no futuro existam as condições adequadas”.
Recorde-se ainda que a Rússia alegou que os militares ucranianos utilizaram lança 'rockets' fornecidos pelos Estados Unidos para atacar a prisão em Olenivka, uma localidade controlada pela República Popular de Donetsk, apoiada por Moscovo, a 29 de julho. As autoridades separatistas e russas disseram ainda que o ataque matou 53 prisioneiros de guerra ucranianos e feriu outros 75.
Contudo, as forças de Kyiv negaram ser responsáveis pelo ataque, revelando, em agosto, ter evidências de que os separatistas locais apoiados pelo Kremlin conspiraram com o FSB russo, a principal agência sucessora da KGB, e o grupo mercenário russo Wagner, para minar o quartel antes de "usar uma substância inflamável, o que levou à rápida propagação do fogo".
Lançada a 24 de fevereiro, a ofensiva militar russa na Ucrânia já provocou a fuga de mais de 14 milhões de pessoas, segundo dados os mais recentes da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A entidade confirmou ainda que já morreram 6.919 civis desde o início da guerra e 11.075 ficaram feridos, sublinhando, contudo, que estes números estão muito aquém dos reais.
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