"Quando é que o FBI vai invadir as muitas casas de Joe Biden, talvez até a Casa Branca? Esses documentos definitivamente não foram desclassificados", escreveu Trump na sua rede social, a Truth Social, logo após ter sido noticiado que alguns documentos marcados como confidenciais haviam sido encontrados pelos advogados pessoais de Biden enquanto esvaziavam os escritórios do 'think tank' Penn Biden Center, em Washington.
Trump fez assim um paralelo com o caso que o envolve diretamente, quando, em 8 de agosto último, agentes do FBI realizaram uma vasta busca à sua mansão na Florida com base num mandado de "retenção de documentos confidenciais" e "obstrução a uma investigação federal", e apreenderam cerca de trinta caixas, que continham documentos marcados como "ultrassecreto", "secreto" ou "confidencial".
Quando saiu da Casa Branca, Donald Trump levou consigo caixas inteiras de documentos, embora uma lei de 1978 obrigue qualquer presidente norte-americano a entregar ao Arquivo Nacional todos os seus e-mails, cartas e outros documentos de trabalho.
Na noite de segunda-feira, o assessor jurídico de Biden, Richard Sauber, informou que os advogados do Presidente descobriram documentos confidenciais em novembro último e procederam à entrega dos mesmos ao Arquivo Nacional, responsável por preservar esse tipo de material.
"A Casa Branca está a cooperar com o Arquivo Nacional e com o Departamento de Justiça", disse Sauber, num comunicado divulgado na segunda-feira.
Sauber disse que os advogados alertaram imediatamente o escritório do Conselho da Casa Branca, que notificou a Administração Nacional de Arquivos e Registos - que assumiu a custódia dos documentos no dia seguinte.
Esse "pequeno número de documentos classificados" foi encontrado num "armário trancado" no Penn Biden Center, um 'think tank' ligado à Universidade da Pensilvânia, acrescentou.
"Os documentos não foram objeto de qualquer solicitação ou consulta prévia por parte do Arquivo. Desde essa descoberta, os advogados pessoais do Presidente têm cooperado com os Arquivos e com o Departamento de Justiça num processo para garantir que todos os registos do Governo Obama-Biden estejam adequadamente na posse dos Arquivos", disse Sauber.
Na sequência dessa descoberta, o procurador-geral norte-americano, Merrick Garland, pediu ao procurador-geral de Chicago para investigar o assunto, segundo indicou à rede CNN uma fonte familiarizada com o processo.
Independentemente da revisão dos documentos pelo Departamento de Justiça, a revelação de que Biden potencialmente possa ter tratado de forma incorreta os registos confidenciais pode ser uma dor de cabeça política para o chefe de Estado, que classificou de "irresponsável" a decisão de Trump de manter centenas de tais documentos na sua mansão na Florida.
A revelação ocorre num momento em que os Republicanos assumiram o controlo da Câmara de Representantes e prometeram iniciar amplas investigações sobre o Governo de Biden.
Na noite de segunda-feira, o congressista James Comer, presidente do Comité de Supervisão da Câmara de Representantes, disse a jornalistas que o tratamento dado à descoberta de documentos classificados pelos advogados de Joe Biden demonstra um sistema de justiça de "dois níveis".
"A Casa Branca vai ser invadida? Eles vão invadir o Centro Biden? Não sei. Esta é uma preocupação adicional de que há um sistema de justiça de dois níveis dentro do Departamento de Justiça sobre como eles tratam os Republicanos e os Democratas ... certamente como eles tratam o ex-presidente e o atual Presidente", avaliou Comer.
Já o congressista Democrata Jamie Raskin afirmou que os advogados de Biden "parecem ter tomado medidas imediatas e adequadas".
"Tenho confiança de que o procurador-geral tomou as medidas apropriadas para garantir uma análise cuidadosa das circunstâncias sobre a posse e descoberta desses documentos e tomar uma decisão imparcial sobre qualquer outra ação que possa ser necessária", disse Raskin.
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