A ilha da prefeitura de Kagoshima, no sudoeste do arquipélago, albergará uma nova instalação militar considerada indispensável para as operações de porta-aviões norte-americanos na região da Ásia-Pacífico, disse o porta-voz do Governo, Hirokazu Matsuno.
"Considerando que nos encontramos no ambiente de segurança mais sério e complicado do pós-guerra, o Governo irá construir estas instalações com vista a iniciar as operações o mais rapidamente possível", disse Matsuno numa conferência de imprensa em Tóquio, citado pela agência espanhola EFE.
A construção deverá demorar quatro anos, período durante o qual o Governo oferecerá uma compensação à indústria pesqueira local por não ser capaz de desenvolver as suas atividades económicas.
A ilha tem oito quilómetros quadrados e passará a dispor de pistas de aterragem, hangares e portos que poderão ser utilizados para manobras de caças e porta-aviões dos Estados Unidos.
Essas manobras decorrem atualmente na ilha de Iwoto, também conhecida como Iwojima, cerca de 1.250 quilómetros a sul de Tóquio.
Embora ambas as partes tenham concordado, em 2011, relocalizar certas unidades dos Estados Unidos e exercícios militares no arquipélago japonês, o processo de aprovação da construção da nova base foi acelerado no contexto de tensões crescentes na região.
Os Estados Unidos e o Japão concordaram, na quarta-feira, em expandir a sua cooperação militar face à política externa da China no Pacífico, durante uma reunião entre os ministros dos Negócios Estrangeiros e da Defesa em Washington.
"Os ministros concordaram que a política externa da China procura remodelar a ordem internacional em seu benefício e empregar o crescente poder político, económico, militar e tecnológico da China para esse fim", disseram as duas partes num comunicado conjunto.
"Este comportamento é uma séria preocupação para a aliança e para toda a comunidade internacional", acrescentaram, segundo a agência japonesa Kyodo.
Numa conferência de imprensa conjunta após a reunião, o chefe da diplomacia norte-americana, Antony Blinken, saudou as novas estratégias.
Há "uma notável convergência entre as nossas estratégias e as do Japão", disse Blinken, após a reunião com o seu homólogo japonês, Yoshimasa Hayashi, e com os responsáveis pela Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, e do Japão, Yasukazu Hamada.
Como parte do acordo, os Estados Unidos também se comprometeram a reorganizar o 12.º Regimento de Fuzileiros em Okinawa, perto de Taiwan, num regimento litoral até 2025.
Segundo Lloyd Austin, o novo regimento terá novas capacidades militares, incluindo mísseis antinavegação.
Será concebido para ter uma resposta melhorada e capacidades móveis, uma vez que as ações da China em torno das remotas ilhas do sudoeste do Japão e Taiwan aumentaram os riscos de conflito, de acordo com a Kyodo.
Na conferência de imprensa, Austin minimizou a possibilidade de uma invasão iminente de Taiwan, que a China vê como uma província renegada a ser reunida com o continente pela força, se necessário.
"O que estamos a ver recentemente é algum comportamento muito provocador por parte das forças chinesas, e a sua tentativa de restabelecer um novo normal", disse Austin, citado pela agência japonesa.
O Japão adotou, em dezembro, uma nova estratégia de defesa que reflete também a preocupação da guerra entre a Rússia e a Ucrânia e as suas implicações para Taiwan.
A nova estratégia prevê o objetivo de duplicar o orçamento de defesa para dois por cento do Produto Interno Bruto (PIB) no ano fiscal de 2027.
Trata-se de uma medida que afasta o Japão da postura exclusivamente de autodefesa em que foram colocadas as suas forças desde o final da Segunda Guerra Mundial, em 1945.
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