Parlamento Europeu quer avançar com reforma interna após 'Qatargate'

Os presidentes dos grupos políticos representados no Parlamento Europeu (PE) concordaram hoje com a necessidade de avançar com as propostas para reforçar a transparência e recuperar a confiança na instituição, depois do escândalo de corrupção intitulado 'Qatargate'.

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Lusa
12/01/2023 21:38 ‧ 12/01/2023 por Lusa

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Parlamento Europeu

"Vamos fortalecer a integridade, independência e responsabilidade no Parlamento Europeu. Queremos fazê-lo rapidamente", sustentou a presidente do PE, Roberta Metsola, depois de uma reunião com os presidentes dos grupos políticos, numa declaração divulgada à Lusa.

Metsola acrescentou que estas propostas "imediatas" são "os primeiros passos para reconstruir a confiança no poder de decisão europeu" e "lançar uma reforma mais abrangente do Parlamento Europeu".

Um porta-voz da presidente disse à Lusa que os líderes dos grupos políticos concordaram com as propostas apresentadas por Roberta Metsola e exortaram-na a avançar: "Houve total concordância em relação à necessidade de avançar o quanto antes [com a reforma]."

A mesma fonte referiu que a presidente do PE vai continuar o processo de auscultação dos legisladores e todo o progresso vai ser partilhado com a Conferência de Presidentes.

O porta-voz não especificou o conteúdo das propostas que estão em cima da mesa para recuperar a confiança na instituição, depois do escândalo de corrupação que levou à queda da vice-presidente Eva Kaili.

A Associated Press dá conta de que está em cima da mesa impedir que antigos eurodeputados possam fazer lobby em representação, por exemplo, de multinacionais ou governos logo após o fim dos seus mandatos.

Metsola também quer que seja divulgado o nome de atuais eurodeputados que quebrem as regras do parlamento e 'apertar' o controlo sobre a atividade de lobby. Para isso, propõe que sejam divulgadas quaisquer reuniões que os legisladores tenham com lobistas.

Ainda no 'bolo' que vai dar início à reforma interna do parlamento, a presidente quer que haja verificações pontuais sobre a situação fiscal dos eurodeputados, assim como ligações que tenham com países fora dos 27 Estados-membros da União Europeia.

Em causa está a investigação apelidada "Qatargate" pelas autoridades da Bélgica, na qual a subcomissão de Direitos Humanos do PE surge no centro de subornos de países como o Qatar, Marrocos ou a Mauritânia. Estes países alegadamente pagaram por ingerências em decisões daquele organismo.

Até agora, quatro pessoas foram indiciadas pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e participação numa organização criminosa, e três delas têm ligações próximas com aquela subcomissão.

Trata-se, além de Pier António Panzeri, do seu assessor Francesco Giorgi, que também trabalhava agora para um dos atuais membros da subcomissão; e da namorada de Giorgi, Eva Kaili, eurodeputada social-democrata grega que foi destituída do cargo de vice-presidente do PE depois de revelado o escândalo.

A quarta pessoa detida devido às mesmas acusações preliminares também está ligada a este grupo de eurodeputados: Niccolò Figa-Talamanca, secretário-geral da ONG Sem Paz Não há Justiça.

O "Qatargate" resultou de uma investigação da Justiça belga a alegadas ofertas do Qatar e de Marrocos a eurodeputados e assistentes de grupos do PE para influenciar decisões em Bruxelas, numa operação que resultou na apreensão de malas de dinheiro com um total de 1,5 milhões de euros.

Leia Também: Pinto Moreira vai renunciar "ainda hoje" como 'vice' parlamentar do PSD

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