EUA. Homem negro morto por polícias com 'tasers' após sofrer acidente

Os agentes atingiram várias vezes o homem com um 'taser', apesar de este insistir que apenas queria ajuda e de dizer que estavam a tentar fazer consigo o que fizeram a George Floyd. A vítima é prima de uma fundadora do movimento Black Lives Matter.

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© STEFANI REYNOLDS/AFP via Getty Images

Notícias ao Minuto
13/01/2023 09:47 ‧ 13/01/2023 por Notícias ao Minuto

Mundo

Estados Unidos

Um homem foi morto por agentes da polícia com 'tasers', a 3 de janeiro, na cidade de Los Angeles, nos Estados Unidos, depois de ter tido um acidente de viação e de pedir repetidamente ajuda, receando estar a ser morto pelos polícias.

Segundo conta o The Guardian, e como é possível ver pelos vídeos das 'bodycams' divulgadas pela polícia de Los Angeles, na quinta-feira, Keenan Anderson estava pedir ajuda a um agente numa mota, depois de um acidente rodoviário, argumentando que alguém estava a tentar matá-lo.

O agente disse-lhe repetidamente para se colocar contra a parede e pediu reforços, e o homem garantiu que o acidente tinha sido inadvertido, sentando-se como o polícia o ordenou. A certa altura, Anderson, um professor do ensino secundário de 31 anos, demonstrou preocupação com as ordens do agente e disse que queria que os restantes transeuntes o vissem, fugindo para o meio da estrada.

O polícia perseguiu-o numa mota e mandou-o deitar-se. Anderson cumpriu, até que chegaram mais dois agentes, que o prenderam ao chão - e um dos agentes colocou o seu cotovelo no pescoço do homem, que estava deitado na sua barriga, uma ação considerada perigosa e que já foi proibida em vários departamentos policiais nos Estados Unidos, na sequência da morte de George Floyd.

Os agentes começaram então a utilizar os seus 'tasers', sendo que um dos oficiais disparou a arma elétrica contra Keenan Anderson durante 30 segundos consecutivos. Durante toda a ação com as armas, Anderson é ouvido a gritar por ajuda e a dizer que os agentes estavam a tentar matá-lo.

Eventualmente, as autoridades médicas chegaram e encaminharam Anderson para um hospital da cidade, onde acabou por morrer quatro horas depois com uma paragem cardíaca.

Alertamos que as imagens, divulgadas pelas forças de autoridade, demonstram violência explícita e podem ferir a suscetibilidade dos leitores mais sensíveis.

A morte de Keenan Anderson é mais um episódio que as organizações de direitos humanos estão a apontar, para demonstrar a exagerada violência das forças de autoridade, especialmente contra pessoas negras. Anderson era também primo de uma das fundadoras do movimento Black Lives Matter, Patrisse Cullors.

Cullors, que viu as imagens das câmaras corporais dos polícias, disse ao The Guardian que "este tipo de mortes e este tipo de força não irão parar até que sejam eleitos oficiais corajosos que se cheguem à frente e desafiem, não só a polícia, mas também as suas políticas".

"Foi um acidente de trânsito. Em vez de o tratarem como um potencial criminoso, a polícia devia ter chamado uma ambulância. Se houvesse uma polícia na qual as paragens de trânsito fossem realizadas por profissionais sem armas, isso iria prevenir a morte do meu primo. Iria prevenir muitas outras mortes", afirmou a ativista.

A chefe do departamento policial de Los Angeles, Michel Moore, defendeu-se, argumentando que o comportamento de Keenan Anderson foi "errático" e disse que um teste preliminar ao sangue da vítima identificou a presença de canábis e de cocaína, o que motivou críticas por parte de advogados de direitos civis, que acusaram a polícia de justificar a morte com o alegado uso de drogas.

Moore justificou ainda o exagerado uso de 'tasers' por parte dos agentes, considerando que este é um método não-letal e não esclarecendo se estas armas desempenharam um papel preponderante na morte do homem.

Anderson tinha 31 anos e deixa um filho. Trabalhava como professor numa academia digital em Washington D.C., onde ensinava crianças.

Segundo os dados das forças de autoridade, citados pelo The Guardian, cerca de 10% das mortes pela polícia surgiram na sequência de operações de trânsito. Uma em cada três pessoas é morta quando está a fugir da polícia, que continua a empregar o uso de força letal, mesmo quando as pessoas não representam perigo para os agentes.

Uma análise da organização não-governamental Mapping Police Violence, do dia 6 de janeiro, também deu conta que o ano de 2022 foi o ano em que mais pessoas foram mortas por agentes de autoridade desde que os dados começaram a ser recolhidos.

O aumento de mortalidade pela polícia norte-americana é particularmente relevante, pois ocorre depois da morte de George Floyd, que motivou uma série de protestos nos Estados Unidos e a nível mundial contra a brutalidade policial e contra o racismo nas forças de segurança. O homicídio de Floyd também gerou uma onda revigorada de apelos sobre reparações de escravatura e sobre a remoção e recontextualização de monumentos, obras e símbolos ligados ao colonialismo.

Leia Também: Cinco agentes acusados de homicídio violento de homem negro no Louisiana

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