Tsikhanovskaya diz que julgamentos de opositores bielorrussos uma "farsa"

A líder da oposição bielorrussa, Sviatlana Tsikhanouskaya, classificou hoje como uma "farsa" e uma "vingança" do Presidente Alexander Lukashenko o seu julgamento, que começa esta terça-feira na Bielorrússia, na sua ausência.

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Lusa
17/01/2023 00:03 ‧ 17/01/2023 por Lusa

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Bielorrússia

"Estes julgamentos não são julgamentos. É um espetáculo, é uma farsa, não tem nada a ver com justiça", denunciou a opositora que se encontra exilada na Lituânia, mas que esteve de visita a Davos, na Suíça, onde concedeu uma entrevista à agência France-Presse (AFP).

Para Sviatlana Tsikhanouskaya, estes processos contra os opositores do regime são "uma vingança pessoal" de Lukashenko e dos seus parceiros.

Perante "uma dúzia de acusações", incluindo alta traição e conspiração para conquistar o poder, a política referiu que contactou o seu advogado indicado pelo tribunal, mas que este nunca respondeu.

"Eu nem sei o que meu alegado advogado fará amanhã naquele tribunal, como é que me vai defender. Não sei quanto tempo vai durar este julgamento, quantos dias, mas tenho certeza que me vão condenar a muitos, muitos anos de prisão", realçou.

A opositora bielorrussa destacou ainda que os exercícios conjuntos da Força Aérea organizados hoje entre a Rússia e a Bielorrússia são 'bluff' por parte de Lukashenko, que permitiu que a Rússia utilizasse o seu território para organizar ataques contra a Ucrânia.

"É um espetáculo para o povo da Bielorrússia, para ameaçá-lo, dizendo: olhem para o Exército russo, então fiquem calmos, não se oponham a nada", salientou.

O principal objetivo, segundo Tsikhanouskaya, é também "desviar a atenção dos soldados ucranianos dos pontos quentes no leste [da Ucrânia] em direção à fronteira da Bielorrússia" no norte.

Lukashenko, no poder desde 1994, renovou o mandato presidencial nas eleições de 09 de agosto de 2020, cujos resultados não foram reconhecidos pela oposição interna, e pelos países ocidentais, após diversas denúncias de fraude eleitoral.

Tsikhanouskaya reclamou a vitória sobre Lukashenko nessas eleições presidenciais e viu-se obrigada a fugir para a vizinha Lituânia, em pleno período de repressão às massivas manifestações de protesto após a divulgação dos resultados oficias.

Sviatlana Tsikhanouskaya destacou hoje que é a primeira pessoa do seu país a participar no Fórum Económico Mundial em Davos desde 1992, dois anos antes de Lukashenko assumir o poder.

"É uma grande honra para nós porque durante mais de 30 anos a Bielorrússia foi como um buraco negro no mapa da Europa: fomos considerados um apêndice da Rússia", referiu.

Após as disputadas eleições presidenciais de 2020, o regime bielorrusso reprimiu os protestos históricos da oposição com prisões em massa, exílios forçados e prisões de ativistas e jornalistas.

De acordo com o centro bielorrusso de direitos humanos Viasna, este país tem atualmente mais de 1.400 presos políticos.

O marido de Sviatlana Tsikhanouskaya, Sergei Tikhanovski, foi detido antes da eleição presidencial de 2020, levando a sua esposa a concorrer ao cargo. O político foi condenado em dezembro de 2021 a 18 anos de prisão.

Também hoje começou o julgamento à porta fechada do jornalista Andrzej Poczobut, uma figura da minoria polaca na Bielorrússia, que enfrenta uma pena de prisão de 12 anos.

No início deste mês, a Bielorrússia começou a julgar Ales Bialiatski, um ativista democrático bielorrusso e co-vencedor do Prémio Nobel da Paz de 2022, fundador do Viasna Center. Bialiatski, que está preso, arrisca com seus colaboradores até 12 anos de prisão.

Leia Também: Marido da líder da oposição bielorrussa acusado de desobediência

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