"O reconhecimento do genocídio cometido contra a população civil da União Soviética é extraordinariamente importante", disse Vladimir Putin em São Petersburgo (que na Segunda Guerra Mundial se chamava Leninegrado) diante de veteranos de guerra e de representantes de organizações patrióticas, citado pela agência oficial de notícias TASS.
Putin recordou que o Tribunal Militar Internacional de Nuremberga, que julgou criminosos de guerra nazis, abordou esta questão "em geral", mas que, depois, "nem sequer foi possível apresentar ou examinar provas desse genocídio".
"Recentemente, na ONU, um documento condenando a 'heroização' do nazismo foi colocado a votação e 50 países votaram contra. Quem pode opor-se ao reconhecimento da 'heroização' do nazismo como criminosa?", perguntou o Presidente russo.
"Isto não é apenas amnésia", acrescentou o líder do Kremlin, argumentando que se trata de "transferir a pressão política para a Rússia".
"Para quê? Para manter uma frente comum de pressão contra o nosso país a partir da atual conjuntura política. Neste sentido, infelizmente pouco está a mudar. E isto significa que temos de defender consistentemente a verdade histórica", sublinhou o Presidente russo.
Putin lembrou que, no cerco a Leninegrado, de 08 de setembro de 1941 a 27 de janeiro de 1944, "muitos países europeus participaram e cometeram crimes militares".
"Nunca falamos deles antes por causa de uma certa tolerância e para não estragar o clima das relações com muitos países", acrescentou, indicando, porém, que o mesmo cenário ocorreu noutras frentes, como com a "Divisão Azul" (espanhola) em Estalinegrado, que marcou um ponto de viragem na Segunda Guerra Mundial, em que as tropas alemãs sofreram um forte revés na campanha militar.
"Em todo o caso, aqui, na frente de Leninegrado, durante o bloqueio, houve participantes de muitos países ", acrescentou.
Ao início da manhã, o Presidente russo iniciou os atos comemorativos da rutura do bloqueio de Leninegrado com a deposição de uma coroa de flores no memorial de guerra na chamada 'Praça Neva', nas margens do rio homónimo, onde o seu pai lutou.
Putin colocou um buquê de flores vermelhas com uma fita de luto preta, permaneceu em silêncio e curvou-se diante do monumento, após o que seguiu para São Petersburgo para participar noutros eventos comemorativos alusivos à data.
Como o próprio Putin relatou em várias ocasiões, o seu pai, também Vladimir, lutou na 'Praça Neva', onde foi gravemente ferido e salvo por um companheiro.
A mãe permaneceu em Leninegrado durante todo o cerco à cidade, de 08 de setembro de 1941 a 27 de janeiro de 1944, em que morreu mais de um milhão de pessoas, incluindo o irmão mais velho de Putin, Viktor, vítima de difteria dez anos antes de nascer o Presidente russo.
Cerca de 20 mil pessoas tombaram em defesa da cidade e outras 10 mil morreram sob as bombas, mas foi a fome e o inverno, com temperaturas de 40 graus abaixo de zero, que mais estragos causaram entre os habitantes.
Embora o levantamento total do bloqueio tenha ocorrido a 27 de janeiro de 1944, as tropas soviéticas juntaram-se por terra 11 dias antes, razão pela qual o fim do cerco é lembrado a 18 de janeiro.
Putin também colocou uma coroa de flores junto ao monumento da Pátria e das valas comuns do Cemitério Memorial Piskaryov, tendo ainda visitado o Museu de Defesa e Bloqueio de Leninegrado.
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