Polónia alerta para "fenda na NATO" se Alemanha não autorizar tanques
O assessor presidencial polaco Pawel Soloch afirmou hoje que, se a Alemanha não autorizar o envio de tanques de guerra "Leopard" para a Ucrânia, abrir-se-á uma "fenda na NATO".
© MATEUSZ SLODKOWSKI/AFP via Getty Images
Mundo Ucrânia
Nesse sentido, prosseguiu o assessor de Andrzej Duda, a reunião de hoje dos Estados membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) na base aérea norte-americana em Ramstein, na Alemanha, não permitirá aprovar qualquer decisão sobre a questão.
Numa conferência de imprensa em Varsóvia, Soloch disse que uma recusa alemã "será extremamente desfavorável para a situação no seio da Aliança [Atlântica]" e acrescentou que "está quase tudo nas mãos da determinação de países como a Polónia, a Finlândia ou a Dinamarca", cujos governos já anunciaram o envio de ajuda militar para a Ucrânia.
Caso Varsóvia decida enviar os tanques aos ucranianos sem ter a aprovação alemã, Berlim "teria o direito de processar [a Polónia], embora isso seja pouco provável", avaliou o diplomata, admitindo esperar que seja alcançado um compromisso.
Por seu lado, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros da Polónia, Pawel Jablonski, reiterou hoje que, se a Alemanha não autorizar o envio de tanques "Leopard" polacos para a Ucrânia, Varsóvia tomará medidas "fora do padrão".
Em declarações a uma estação da rádio polaca, Jablonski disse que se continuar a haver uma resistência "tão forte" de Berlim à autorização da transferência de armas, Varsóvia estará "pronta para tomar ações fora do padrão, mesmo que alguém se ofenda com isso".
"Mas não nos antecipemos aos factos. Mas vamos tentar fazer com que o maior número possível de países nos apoie e que, juntos, exerçamos uma pressão efetiva sobre a Alemanha", acrescentou o diplomata polaco.
Na semana passada, Varsóvia anunciou a intenção de enviar para o Exército ucraniano uma companhia de tanques "Leopard 2", fabricados na Alemanha, tornando obrigatória a permissão de Berlim para a exportação de armamento para países terceiros.
Hoje, representantes de 50 países reúnem-se na base de Ramstein para discutir a ajuda imediata à Ucrânia.
Quinta-feira, o primeiro-ministro polaco, Mateusz Morawiecki, assegurou que Varsóvia "fará a coisa certa", mesmo que a autorização alemã não seja suficiente para a questão dos tanques alemães, declaração que Soloch considerou como um "sinal muito explícito da Polónia para a Alemanha".
Os 240 tanques "Leopard 2" que o exército polaco possui são a versão mais moderna e equipada com melhor blindagem.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e quase oito milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Neste momento, 17,7 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A invasão -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia -- foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com o envio de armamento para Kiev e com a imposição de sanções políticas e económicas a Moscovo.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 7.031 civis mortos e 11.327 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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