A decisão de Gallant abre o primeiro cisma sobre esta questão dentro do novo Governo israelita, onde o líder do partido extremista Sionismo Religioso, Bezalel Smotrich, obteve poderes sem precedentes dentro do órgão que regula a vida dos israelitas em território ocupado, a Coordenação das Atividades de Governo nos Territórios (COGAT).
Smotrich criticou a decisão de Gallant, alegando que a evacuação contraria instruções anteriores, e está "totalmente contra os acordos da coligação governamental", de que o partido Sionismo Religioso faz parte.
O líder deste partido de extrema-direita ordenou à liderança do COGAT que suspendesse a evacuação do colonato, "até que seja possível manter uma conversa sobre o assunto" no próximo domingo.
O colonato foi construído por um neto de Haim Drukman - em honra deste líder espiritual do Sionismo Religioso, falecido em dezembro - nas proximidades do colonato de Migdalim, e já abriga cinco famílias.
Os fundadores deste novo colonato dizem que ele foi construído perto da estrada Transamaria para alterar a contiguidade territorial palestiniana, enquanto um neto de Drukman, Neve Schindler, sublinhou que essa foi a "melhor maneira de comemorar" a memória do seu avô.
Drukman foi um dos fundadores do movimento Gush Emumim (Bloco dos Crentes), e mais tarde aderiu à direita e à extrema-direita, onde se encontra agora o Sionismo Religioso.
Os colonatos israelitas na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental são considerados ilegais sob a lei internacional, embora as autoridades israelitas diferenciem entre aqueles aos quais foram concedidas licenças de construção e aqueles aos quais não foram, como é o caso deste colonato agora mandado evacuar.
Antes mesmo de assumir o cargo, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, já tinha anunciado que "o povo judeu tem direito exclusivo e inquestionável a todas as áreas da Terra de Israel" e que tem planos para a expansão dos colonatos na Cisjordânia.
Em resposta a estes planos do Governo de Israel, a Autoridade Palestiniana alertou para o impacto dessas decisões no processo de paz, considerando que poderá travar a viabilidade de se chegar a uma solução de dois Estados.
Entretanto, a organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) denunciou, em comunicado, "o plano de Israel para deslocar forçadamente cerca de mil residentes palestinianos de Maser Yatta", uma área a sul de Hebron, na Cisjordânia ocupada.
A MSF pede às autoridades de Israel para colocarem um fim a este plano de expulsão dessas pessoas das suas casas, bem como para terminarem com "as medidas restritivas que impedem os palestinianos em Masafer Yatta de aceder a serviços essenciais".
A organização considera que essas medidas têm tido "impactos muito graves na liberdade de movimento, na saúde mental e na capacidade de acesso a serviços essenciais pelos residentes nas aldeias daquela área, incluindo a cuidados médicos".
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