A ministra dos Negócios Estrangeiros alemã, Annalena Baerbock, divulgou este fim de semana que Berlim não se irá opor à intenção da Polónia de enviar os seus tanques Leopard 2 para a Ucrânia.
Berlim também ainda não descartou o fornecimento destes tanques a Kyiv, apesar de continuar a alertar para as implicações desta medida.
O alemão Krauss-Maffei Wegmann (KMW), fabricante do Leopard 2, considera este "o principal tanque de batalha do mundo" que durante mais de meio século combinou aspetos de poder de fogo, proteção, velocidade e manobrabilidade, tornando-o adaptável a muitos tipos de situações de combate.
O tanque, de 55 toneladas, tem uma tripulação de quatro pessoas, um alcance de cerca de 500 quilómetros (310 milhas) e velocidades máximas de cerca de 68 quilómetros por hora.
Atualmente com quatro variantes principais, a sua versão mais antiga entrou em serviço pela primeira vez em 1979. A sua arma principal é um canhão de cano liso de 120 mm e possui um sistema de controlo de tiro totalmente digital.
Este tanque de fabrico alemão foi produzido em grande número. Mais de 2.000 foram implantados em mais de uma dúzia de países europeus, incluindo Portugal, e no Canadá.
No geral, a KMW refere que mais de 3.500 unidades foram fornecidas a 19 países.
A Rheinmetall AG, uma empresa de defesa alemã que fabrica o canhão de cano liso de 120 mm do Leopard 2, assegura que este o tanque foi implantado em "mais nações do que qualquer outra".
No contexto da invasão russa da Ucrânia, "acredita-se que, para os tanques Leopard 2 podem ter um efeito significativo nos combates, são necessários cerca de 100", segundo uma análise do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS), um 'think tank' global com sede em Londres.
O ministro da Defesa da Ucrânia quer 300 tanques, e alguns líderes da União Europeia apoiam este pedido.
Mas colocar os tanques de combate na Ucrânia é mais difícil do que apenas os entregar através da fronteira ocidental. O IISS estima que seriam necessárias três a seis semanas de treino para que as equipas operacionais e o pessoal de apoio atingissem a capacidade básica.
Sobre a sua importância para o conflito, Yohann Michel, analista para assuntos militares e de defesa do IISS, destacou que estes tanques podem permitir que a Ucrânia parta para a ofensiva, entretanto paralisada após duas importantes contraofensivas ucranianas que permitiram nos últimos meses recuperar áreas ocupadas pelos russos no nordeste e no sul.
"Neste tipo de conflito, simplesmente não é possível realizar ofensivas em larga escala sem toda a variedade de equipamentos blindados de combate e veículos blindados, e os tanques fazem parte disso", explicou este especialista em entrevista à agência Associated Press (AP).
As entregas ocidentais de Leopard 2 podem ajudar a equipar a Ucrânia com as munições de alto calibre necessárias para substituir as suas próprias reservas da era soviética que estão a diminuir - abrindo um novo caminho para o fornecimento de poder de fogo ocidental para chegar à Ucrânia.
"Na minha opinião, esse é o principal impacto. O segundo impacto, claro, é aumentar o número de tanques disponíveis no arsenal ucraniano", frisou Michel.
A Alemanha tem a palavra final sobre se os Leopard 2 podem ser entregues - mesmo os que pertencem a arsenais de outros países - e tem sido reticente.
Aliados ocidentais mais radicais têm aumentado a pressão sobre a Alemanha, mas os Estados Unidos também se recusaram a enviar os seus poderosos tanques M1 Abrams.
Os Estados Unidos anunciaram um novo pacote de ajuda militar que deve incluir quase 100 veículos de combate Stryker e pelo menos 50 veículos blindados Bradley - mas não o Abrams, que as autoridades norte-americanas dizem ter necessidades complexas de manutenção e podem não ser o mais adequado.
Aliados e analistas militares dizem que o Leopard 2 é movido a diesel - não movido por combustível de aviação que alimenta o M1 Abrams - e é mais fácil de operar do que os grandes tanques dos EUA e, portanto, tem tempos de formação mais curtos.
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