"A Ucrânia, o inimigo, está a bombardear aldeias pacíficas. Temos 25 pessoas mortas e 96 feridas", disse Vyacheslav Gladkov ao Presidente da Rússia, Vladimir Putin, numa entrevista transmitida pela televisão estatal russa, a partir de Belgorod, cidade situada a 40 quilómetros a norte da fronteira com o território ucraniano.
É a primeira vez em 11 meses de conflito que as autoridades russas dão oficialmente o número de mortos e de feridos numa determinada região.
No balanço, o governador não precisou o número de vítimas militares e civis.
No relato reportado ao Presidente russo, Gladkov especificou que as autoridades da região de Belgorod, território que toca o nordeste da Ucrânia, estão a dar compensações financeiras às famílias dos civis mortos e feridos "no mesmo nível" que para soldados envolvidos no conflito na Ucrânia.
"Desde o início da operação militar especial, decidimos que, em caso de lesão moderada ou grave, pagamos 500.000 rublos (6.615 euros, ao câmbio atual). Se o pior acontecer, uma morte, damos três milhões de rublos (39.700 euros)", indicou.
Putin, por sua vez, agradeceu a Gladkov o "trabalho eficaz" da administração de Belgorod e pelas medidas tomadas para "estabilizar a situação" na região.
No final de novembro de 2022, o governador regional tinha indicado que estava em construção uma linha de fortificações na fronteira, sem especificar a extensão ou a localização exata.
As localidades e infraestruturas da região de Belgorod têm sido alvo de repetidos ataques, muitas vezes fatais, atribuídos por Moscovo ao exército ucraniano, sem que Kiev assuma a responsabilidade.
A capital regional, com o mesmo nome, também tem sido atingida frequentemente por artilharia ucraniana.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e quase oito milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Neste momento, 17,7 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A invasão, justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia, foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Minsk e com a imposição de sanções políticas e económicas a Moscovo.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 7.068 civis mortos e 11.415 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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