A manifestação percorreu o centro da cidade e centenas de manifestantes bloquearam uma das principais vias de Telavive, noticiaram os órgãos de comunicação locais.
Em causa estão diversas iniciativas promovidas pelo novo executivo israelita liderado por Netanyahu, que governa em coligação com partidos ultraortodoxos e forças da extrema-direita.
O ministro das Comunicações, Shlomo Karhi, referiu este mês que não vê a necessidade do governo manter o apoio à emissora pública Kan, acrescentando que a pretende encerrar, juntamente com outros meios de comunicação públicos.
Esta proposta gerou protestos por parte de muitos profissionais dos 'media' israelitas.
Nove sindicatos de jornalistas pediram hoje a Karhi que interrompa o plano e vários jornais e portais de informação como o Haaretz, Walla, Yediot Ahronot, Channel 13 ou Globes também se opuseram abertamente às intenções do Ministério das Comunicações.
Entre os participantes na manifestação esteve o ator e criador da conhecida série Fauda, que denunciou que "um país sem emissora pública é um país com menos democracia".
A atual coligação, que representa o governo mais à direita da história do Estado israelita desde a sua criação em 1948, tem vários planos em cima da mesa que geraram polémica.
Os planos de reforma judicial anunciados pelo novo ministro da Justiça incluem uma polémica medida que permitiria que o parlamento, através de uma maioria simples, pudesse anular uma decisão do Supremo Tribunal israelita que implicasse revogar parcialmente uma lei ou decisão governamental, a chamada "cláusula de anulação" -- o que, na prática, abriria caminho a que o poder político se sobrepusesse ao poder judicial em caso de conflito entre ambos.
Além disso, a reforma contém igualmente regulamentação pela qual os magistrados da Comissão de Nomeações Judiciais seriam substituídos por titulares de cargos políticos, eliminando a presunção de "razoabilidade", princípio que faz com que o Supremo Tribunal possa impedir a nomeação de altos responsáveis políticos se considerar que estes violaram a lei.
A reforma judicial também foi contestada hoje por mais de 270 economistas e académicos israelitas que publicaram uma "carta de emergência" sobre as sérias implicações económicas que pode ter.
"A concentração de um vasto poder político nas mãos do grupo governante sem fortes restrições e contrapesos pode paralisar a economia do país", alertaram os signatários da carta, onde se incluem o Prémio Nobel Daniel Kahneman e o ex-conselheiro económico de Netanyahu e chefe do Conselho Económico Nacional, Eugene Kandel.
De forma inédita, centenas de funcionários de alta tecnologia realizaram na terça-feira uma greve de uma hora no centro de Telavive contra a reforma judicial, considerando que esta prejudicará o setor.
O setor da alta tecnologia representa 15% do PIB, 10% do emprego e 40% das exportações.
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