Acusando a UE de se ter tornado um "capanga dos Estados Unidos e da NATO e de prosseguir uma política de confronto no espaço pós-soviético", o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo considera que uma missão europeia na Arménia "introduz confrontos geopolíticos na região e exacerba as contradições existentes".
Para Moscovo, ao enviar a sua missão, a UE procura "minar os esforços de mediação da Rússia".
Moscovo tem sido o mediador tradicional do conflito entre a Arménia e o Azerbaijão desde a década de 1990 e destacou após a guerra de 2020 uma missão de manutenção da paz para o enclave de Nagorno-Karabakh, território que Baku e Erevan disputam.
Mas a influência russa na região tem diminuído, devido à concorrência geopolítica ocidental e turca, mas também devido à ofensiva militar desencadeada por Moscovo contra a Ucrânia, que preocupa os seus países vizinhos.
Há meses que os europeus tentam ser mediadores entre a Arménia e o Azerbaijão, mas a missão que a UE está a preparar não foi apoiada pelo lado azeri.
A Arménia, por seu lado, tem vindo a denunciar há semanas a inação da Rússia, cuja missão de manutenção da paz, segundo Erevan, nada fez para impedir um bloqueio que está a acontecer em Nagorno-Karabakh.
Há mais de um mês que os azeris, sob o argumento de estarem a defender o ambiente, mantêm um protesto contra minas que dizem ilegais e têm bloqueado uma estrada crucial que liga a Arménia a Nagorno-Karabakh, a região separatista do Azerbaijão povoada por arménios.
Como resultado do bloqueio, o enclave, habitado por cerca de 120.000 pessoas, enfrenta cortes de energia e dos serviços de Internet, bem como problemas de aquecimento e de acesso a alimentos e medicamentos.
"Esta é uma política de limpeza étnica", disse hoje o primeiro-ministro arménio, Nikol Pashinyan, durante uma reunião do Governo, acusando o Azerbaijão de exercer "pressão económica e psicológica para provocar um êxodo de arménios de Karabakh".
O enclave de Nagorno-Karabakh tem sido foco de conflitos desde que, em 1988, decidiu autonomizar-se de Baku, e quando a Arménia e o Azerbaijão ainda estavam integrados na União Soviética.
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