Em entrevista à Bloomberg, a diplomata reconheceu o desafio inerente ao facto de a Rússia ser um dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, o que lhe confere poder de veto, mecanismo que tem sido usado por Moscovo para impedir que o Conselho atue contra si face à guerra na Ucrânia.
Thomas-Greenfield expressou frustração com o facto de o poder de veto ser usado pela Rússia e pela China para bloquear soluções para o conflito na Ucrânia e contra o desenvolvimento de armas nucleares pela Coreia do Norte.
"Ainda temos áreas onde não conseguimos trabalhar juntos. Claramente, a Ucrânia é uma dessas áreas e a Coreia do Norte é outra. Ao longo do ano passado, a China e a Rússia bloquearam os esforços do Conselho de Segurança para responsabilizar a República Popular Democrática da Coreia (Coreia do Norte)", disse a diplomata à Bloomberg.
A embaixadora abordou ainda a atuação do Grupo Wagner na Ucrânia e no continente africano, afirmando que os Estados Unidos procuram novas formas de conter o impacto deste grupo paramilitar privado, a combater ao lado das forças russas em território ucraniano e noutros países.
"O que [a Wagner] está a fazer em África é inaceitável", disse Thomas-Greenfield, acrescentando que apesar de os Estados Unidos entenderem que alguns países africanos "têm problemas de segurança que precisam de ser resolvidos", acredita que o grupo Wagner "não é a entidade que pode fazer isso por eles".
Na semana passada, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, anunciou a aplicação de sanções a pessoas e entidades ligadas ao grupo Wagner, de forma a travar a sua atuação na Ucrânia.
"Os Estados Unidos estão a sancionar indivíduos e entidades relacionadas com o grupo paramilitar russo Wagner e seu líder, Yevgeniy Prigozhin -- incluindo as suas principais instalações e empresas de fachada associadas, as suas operações de combate na Ucrânia, os fabricantes das armas russas e aqueles que administram zonas da Ucrânia ocupadas pela Rússia", indicou Blinken em comunicado.
O responsável explicou que esta ação se enquadra no objetivo dos Estados Unidos "de enfraquecer a capacidade de Moscovo para travar uma guerra contra a Ucrânia, fazer com que os responsáveis respondam por esta agressão e abusos associados e colocar mais pressão sobre o setor de defesa da Rússia".
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