O ex-almirante Phil Davidson, juntamente com um grupo que inclui colegas do grupo de reflexão ('think tank') norte-americano National Bureau of Asian Research, chegou na segunda-feira a Taiwan, que a China reivindica como parte do seu território, apesar de operar como uma entidade política soberana.
"Estou aqui para ouvir e aprender com os nossos anfitriões. Até agora consegui fazer as duas coisas", disse Davidson, citado pela agência Associated Press.
"Estou ansioso por continuar o diálogo com a Presidente Tsai hoje e ouvir as suas perspetivas sobre o ambiente de segurança e a sua visão sobre as relações EUA -- Taiwan", explicou.
O Exército de Libertação Popular, as Forças Armadas da China, tem organizado operações em larga escala, com recurso a navios de guerra e aviões militares, junto a Taiwan, numa altura em que Pequim se prepara para um possível bloqueio ou ataque total ao território, o que tem suscitado grandes preocupações entre os líderes militares dos Estados Unidos, o principal aliado da ilha.
O ministério da Defesa de Taiwan disse que 20 aviões militares chineses atravessaram, na terça-feira, a linha central no estreito de Taiwan, que há muito é uma zona tampão não oficial entre os dois lados, divididos desde o fim da guerra civil chinesa, em 1949, altura em que o antigo governo nacionalista chinês se refugiou na ilha, após a derrota frente aos comunistas.
No dia seguinte, o ministério da Defesa de Taiwan disse que a China enviou um total de 23 aviões para voar ao redor da ilha.
Tsai agradeceu a Davidson hoje pelas suas contribuições para a "segurança do Estreito de Taiwan".
"Perante a expansão do autoritarismo, Taiwan deve reforçar a capacidade de se defender", afirmou a líder do território, apontando para a extensão do serviço militar obrigatório, de quatro meses para um ano, que anunciou em dezembro passado.
Davidson alertou para as reivindicações da China sobre Taiwan como uma ameaça crescente e tangível, na altura em que serviu como chefe do Comando para o Indo-Pacífico dos EUA.
"Taiwan é claramente uma das ambições [da China], e penso que a ameaça é real para esta década - na verdade, durante os próximos seis anos", disse ao Comité das Forças Armadas do Senado, em 2021.
Davidson esclareceu esta observação durante uma visita ao Japão, que antecedeu a deslocação a Taiwan, ressalvando que não prevê necessariamente um cenário de guerra total.
"Na minha visão, isto pode ser muito menos do que uma invasão total. Uma das opções seria ameaçar as ilhas exteriores, e penso que essa é uma grande preocupação de segurança para Taiwan", disse o ex-almirante, citado pelo Japan Times.
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