PAIGC exige auditoria a dados recolhidos no recenseamento da Guiné-Bissau

O Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) exigiu hoje uma auditoria internacional independente aos dados recolhidos pelas brigadas que estão a realizar o recenseamento eleitoral para as legislativas marcadas para 4 de junho.

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Lusa
02/02/2023 15:52 ‧ 02/02/2023 por Lusa

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A exigência é feita em comunicado enviado à imprensa, depois de uma análise feita pelo partido ao processo de recenseamento em curso e que considerou "à partida viciado e propenso a criar conflitos nas eleições legislativas".

As dúvidas levantadas com o processo de recenseamento apresentadas pelo PAIGC referem-se à falta de apresentação do Plano Operacional de Recenseamento Eleitoral, à inexistência de um despacho que formalize o início e o fim do processo, ao início "muito tardio" do recenseamento na diáspora e em alguns círculos.

O PAIGC está também preocupado com a alteração do sistema informático do recenseamento "sem que o mesmo tenha sido objeto de um processo de auditoria, com a agravante de estar a ser, obrigatoriamente, solicitado o número de telefone aos eleitores, o que constitui uma grave violação da privacidade do eleitor".

O partido denuncia também que um "número considerável de cidadãos eleitores já recenseados" ainda não receberam os seus cartões, e que há "movimentações ou deslocações, sem precedentes, de cidadãos com intenção de se recensearem em setores diferentes das suas respetivas residências".

O PAIGC qualifica aquelas movimentações como "manobras deliberadamente patrocinadas por alguns dirigentes do regime, visando influenciar os resultados eleitorais a seu favor".

"Anúncio e relatos, segundo os quais, o GTPAE (Gabinete Técnico de Apoio ao Processo Eleitoral) tem vindo a encorajar e orientar as brigadas de recenseamento a inscreverem cidadãos estrangeiros e de alguns menores com peças de identidade duvidosas, como cartas de condução, cartão de vacina, etc", refere o partido.

No comunicado, o PAIGC questiona o Governo sobre uma eventual rutura de cartões de recenseamento e a razão pela qual não estão a ser assinados pelo diretor-geral do GTAPE e sobre o paradeiro de 14 kits de recenseamento.

O partido exige a entrega dos cartões de recenseamento no ato do registo, aumento do número de representantes do partido junto da GTAPE e "maior abertura e recetividade" daquele organismo "em relação aos protestos e reclamações formuladas pelos representantes dos partidos políticos".

O PAIGC apela também aos seus apoiantes e militantes para se recensearem.

O GTAPE anunciou na semana passada que mais de 86% dos 844.087 potenciais eleitores estavam recenseados.

O recenseamento na Guiné-Bissau deve terminar no dia 10 de fevereiro.

O diretor-geral do GTAPE, Gibril Baldé, afirmou também que o recenseamento eleitoral já decorre nos países da diáspora africana determinados por lei (Cabo Verde, Gâmbia, Mauritânia e Senegal) e deverá arrancar, nos próximos dias, nos países da Europa, nomeadamente Alemanha, Bélgica, Espanha, França, Luxemburgo, Inglaterra, Países Baixos e Portugal.

Nestes países europeus, segundo a mesma fonte, está previsto que o recenseamento decorra durante o mês de março.

O responsável notou, contudo, que o processo na diáspora não depende apenas do GTAPE.

Gibril Baldé disse estar em contacto com o Ministério dos Negócios Estrangeiros no sentido de facilitar a entrada de técnicos indigitados nos países onde devem ser recenseados cidadãos guineenses.

Leia Também: Guiné-Bissau e Espanha reiteram intenção de estreitar relações

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