"Violência". Ordem judicial relata relação de Andrew Tate com vítimas

O documento inclui excertos de conversas telefónicas que ilustram como ele e o irmão, Tristan, atraíram as suas vítimas para Bucareste, na Roménia.

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Notícias ao Minuto
03/02/2023 22:56 ‧ 03/02/2023 por Notícias ao Minuto

Mundo

Andrew Tate

O 'influencer' britânico Andrew Tate, que foi preso na Roménia na sequência de alegações que davam conta de que ele liderava uma rede de tráfico humano e crime organizado, está, de facto, também a ser investigado por duas acusações de violação, dá conta uma ordem judicial a que o Washington Post teve acesso.

O documento inclui excertos de conversas telefónicas que ilustram como ele e o irmão, Tristan, atraíram as suas vítimas para Bucareste, na Roménia.

Recorde-se que os procuradores romenos tinham já, publicamente, dado conta de que o caso envolvendo estes dois indivíduos incluía acusações de violação, embora tenham negado informar sobre quem pendiam tais acusações. Porém, a ordem judicial agora acedida pelo Washinton Post, que no final de dezembro resultou na detenção dos dois irmãos, oferece mais detalhes sobre os crimes que pendem sobre eles e sobre duas romenas que lhes prestaram assistência.

Os quatro foram detidos, em dezembro, na sequência de uma suspeita da prática dos crimes de tráfico humano e crime organizado, enquanto a investigação estava a decorrer. Apesar de, até agora, ninguém ter sido formalmente acusado, os procuradores já determinaram os crimes específicos que pendem sobre cada réu, com base numa "suspeita razoável".

Segundo mostra a ordem judicial inicialmente acedida pela Reuters, Andrew Tate, ex-lutador de kickboxing profissional, estará a ser investigado por traficar uma mulher moldava a partir de Londres, no Reino Unido, e por ter, alegadamente, violado a mesma por duas ocasiões, em março do ano passado - uma vez num hotel em Bucareste, a outra numa propriedade na mesma cidade.

Perante tais alegações, Andrew Tate está a ser acusado de exercer "pressão verbal e psicológica" para forçar esta mulher a ter relações sexuais com ele e com outras duas mulheres no hotel, revelaram os procuradores.

O segundo alegado caso de violação terá ocorrido apenas 11 dias depois, momento em que o 'influencer' recorreu a "pressão verbal e violência física e psicológica" para forçar a mulher a envolver-se num ato sexual com ele.

Extensas conversas de WhatsApp tidas entre Tate e esta mulher romena, bem como as tidas com uma mulher norte-americana, que também terá sido traficada por esta rede, constam também desta ordem judicial, bem como declarações das duas mulheres à polícia nacional. 

Os procuradores revelaram, reporta o Washington Post, que estas mensagens comprovam os métodos usados por estes irmãos para "ganhar a confiança das vítimas que eles manipularam", ao aparentarem ser "pessoas honestas, afetuosas".

Andrew Tate terá, de acordo com a ordem judicial, conhecido a mulher romena por via do Instagram em janeiro do ano passado, tendo começado a falar romanticamente antes de se conhecerem, em fevereiro. A mudança da mesma para território romeno tornou-se, imediatamente, tema. "De forma a ter-te debaixo de olho", terá escrito o ex-pugilista, numa mensagem de dia 7 de fevereiro. A possibilidade de casamento, esteve, também, em cima da mesa.

Porém, chegadas à Roménia, as vítimas eram conduzidas a uma propriedade onde Andrew Tate produzia conteúdos pornográficos - e onde raparigas em lingerie criavam vídeos para contas do OnlyFans. "Pensei que vinha para aqui viver contigo", escreveu ela no dia seguinte, acrescentando: "É um pouco estranho teres-me posto com raparigas que trabalham para ti".

Estas vítimas foram coagidas a produzir conteúdos pornográficos para a internet após terem sido efetivamente transformadas em "escravas", argumentaram os procuradores, de acordo com a ordem do tribunal citada pelo meio de comunicação social norte-americano.

Os suspeitos que estão agora a ser investigados ficavam, alegadamente, com 50% dos ganhos conseguidos pelas mulheres que produziam os vídeos, de acordo com o testemunho de uma das vítimas citadas no documento. A mesma fonte deu ainda conta de que as mesmas estavam sujeitas a "multas" se não publicassem exatamente o conteúdo que lhes tinha sido pedido, se chorassem durante uma sessão ao vivo ou se fizessem uma pausa demasiado longa.

Tate e os coacusados terão dito a estas mulheres que eram livres de abandonar o local ou, até, de chamar a polícia. Porém, em mensagens telefónicas trocadas com a mulher moldava citada, a informação é precisamente a contrária: "NÃO [...].  Sair sozinha, sem me avisar. Centro comercial, supermercado. A lado nenhum. A partir de agora. É o último aviso".

O 'influencer' britânico, um ex-lutador de kickboxing profissional, vive na Roménia desde 2017, e já havia sido banido de várias redes sociais por expressar ideias misóginas e discursos de ódio.

Andrew e Tristan Tate são suspeitos de crime organizado, violação e tráfico de seres humanos, em vários países. Até à data foram identificadas seis alegadas vítimas. Foram detidos na Roménia a 29 de dezembro, sendo que Andrew Tate está a ser investigado desde o início de 2021.

Leia Também: Andrew Tate perde recurso e permanecerá preso mais um mês

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