Na sequência da cimeira ambiental da ONU (COP29), que decorreu em Baku nas últimas duas semanas, peritos da Universidade de Birmingham, Reino Unido, destacam que, uma vez que a ação climática está ligada ao desenvolvimento sustentável, a integração sistemática da resiliência climática em todos os aspetos dos ODS é a única forma de garantir o futuro do planeta.
Os ODS das Nações Unidas, 17 metas globais, foram criados em 2015 para acabar com a pobreza, reforçar a proteção social, económica e sanitária e melhorar a educação e as oportunidades de emprego, ao mesmo tempo que combatem as alterações climáticas e protegem o ambiente.
Ao publicar hoje as conclusões do estudo na revista "Climate Action", a equipa interdisciplinar de investigadores, oriunda das cinco faculdades que constituem a Universidade, apresenta um plano para transformar os ODS, integrando a ação climática em todas as metas e indicadores.
Os investigadores sublinham a necessidade de práticas agrícolas sustentáveis, gestão da água e conservação dos oceanos para atenuar os impactos climáticos, com ferramentas e políticas resistentes ao clima que ajudem a garantir a segurança alimentar e a proteger os recursos naturais.
Num plano com cinco pontos recomendam alinhar os ODS com o Acordo de Paris sobre o clima, criando uma via unificada para o desenvolvimento sustentável.
Depois consideram serem necessárias metas claras de curto prazo e objetivos de longo prazo na área do clima, capacitar comunidades e implementar políticas climáticas, apoiar objetivos sustentáveis e formar um painel internacional para coordenar a ligação entre setores.
"As alterações climáticas são a ameaça contemporânea mais significativa para o ambiente, o bem-estar humano e os meios de subsistência. Têm impacto em cada um dos 17 ODS, particularmente através do aumento das temperaturas, da subida do nível do mar e de fenómenos meteorológicos extremos", avisa um dos autores do estudo, Francis Pope, num comunicado da Universidade de Birmingham.
E o autor principal, Ajit Singh, acrescenta: "Se não conseguirmos resolver as tensões entre os objetivos de desenvolvimento e a ação climática, será impossível garantir o futuro do nosso planeta e da sua população".
Os investigadores referem que as alterações climáticas agravam a pobreza e a desigualdade e afetam a saúde, influenciando simultaneamente os padrões de doença e a saúde mental. E ainda reduzem a produtividade agrícola e a segurança alimentar, danificam os ecossistemas aquáticos e prejudicam a vida marinha.
Além de destacarem as ligações intrincadas entre as alterações climáticas e a pobreza, a saúde, a educação e a igualdade de género, os responsáveis apelam a um desenvolvimento económico resistente ao clima, e sugerem a integração da educação climática nos currículos escolares.
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