"A força regional da EAC (Comunidade da África Oriental) veio lutar, mas não é isso que vemos", explicou um dos manifestantes, Sankara Bin Kartumwa, membro do movimento de cidadãos Luta pela Mudança (LUCHA).
Essa força, insistiu, deve agir face aos avanços do M23, um movimento predominantemente de etnia tutsi, que conquistou grandes faixas de território ao norte da cidade congolesa de Goma nos últimos meses e continua a avançar a noroeste da capital da província de Kivu do Norte.
"Se não forem cúmplices, devem lançar ofensivas e expulsar o M23 e os seus aliados do Ruanda", acrescentou.
A República Democrática do Congo (RDCongo) acusa o Ruanda de apoiar o M23, o que é corroborado por especialistas da ONU e países ocidentais, embora Kigali negue.
O coletivo de movimentos de cidadãos em Kivu do Norte convocou uma série de dias de paralisação da cidade, uma ação que se traduziu hoje em manifestações com pneus queimados, estradas barricadas, lojas vandalizadas e igrejas frequentadas por "ruandeses" saqueadas.
Tiros de advertência foram ouvidos na cidade enquanto a polícia tentava dispersar os manifestantes.
"Queremos saber qual é o jogo: a EAC está a jogar que jogo? A Monusco (missão da ONU na RDCongo) está a jogar que jogo?" - perguntou um jovem manifestante ao governador militar, que tentou acalmar a situação.
"Temos o mesmo problema, entende? Mas peço para não barricarem a estrada", retorquiu o tenente-general Constant Ndima.
A EAC criou uma força militar de manutenção de paz para o leste da RDCongo no ano passado, e as primeiras tropas chegaram a Goma em novembro. Estas tropas estão autorizadas a usar a força contra o M23, mas ainda não o fizeram.
No dia seguinte à cimeira da EAC, no sábado, em Bujumbura, que apelou a um cessar-fogo, o Ministério dos Negócios Estrangeiros congolês falou numa nota de imprensa sobre "os obstáculos que impedem a ação da força regional". O governo da RDCongo, sublinha o texto, "quer recordar que o mandato da força regional é, inequivocamente, ofensivo".
Como a força da ONU, que está presente há mais de 20 anos no país, é acusada de ineficácia face aos grupos armados, os soldados quenianos, presentes desde novembro em Goma, enfrentam há algumas semanas uma revolta popular.
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