Três semanas antes das eleições presidenciais agendadas para 25 de fevereiro, o descontentamento social está a intensificar-se no país mais populoso de África (com cerca de 215 milhões de habitantes), paralisado pela escassez de novas notas de naira, a moeda local, sobrecarregando ainda mais os nigerianos que já enfrentam outras carências, incluindo de combustível.
Em frente às caixas de pagamento automático onde faltam as notas de naira, e postos de gasolina sem combustível, prolongam-se as filas da população descontente.
No distrito de Sapon, em Abeokuta, capital do estado de Ogun, os manifestantes "apedrejaram furiosamente as instalações de um banco, destruíram uma caixa automática e queimarem pneus na estrada", disse Seun Adeniyi, um repórter fotográfico.
"Os manifestantes atacaram e perseguiram a polícia com pedras e paus", adiantou ainda Adeniyi, citado pela agência France-Presse.
A polícia revelou que os motins eclodiram nos bairros de Paseke, Asero e Sapon, depois de alguns clientes do banco não terem conseguido retirar dinheiro.
"Infelizmente, alguns delinquentes aproveitaram os protestos e começaram a destruir e vandalizar agências bancárias", detalhou à agência noticiosa o porta-voz da polícia estatal, Abimbola Oyeyemi.
Numerosos vídeos publicados nas redes sociais mostram uma multidão de jovens zangados a atacar um banco e colunas de fumo negro de pneus queimados, e um vídeo transmitido pela imprensa local mostra um manifestante coberto de sangue que perde a consciência.
Os moradores disseram que a polícia disparou tiros para dispersar os manifestantes que lhes atiraram barras de ferro e tábuas.
Perante a crescente ira social, o governador do estado, Dapo Abiodun apelou hoje aos "jovens para se manterem calmos e pacientes".
Em outubro, o Banco Central anunciou, sem aviso prévio, alterar as notas (incluindo a sua cor), e decidiu que as notas antigas deixariam de ser válidas no final de janeiro, tendo já depois adiado a data para 10 de fevereiro, sob pressão popular.
Na semana passada, vários motins eclodiram na Nigéria, incluindo em Kano, a maior cidade do norte, e Ibadan, uma grande cidade no sudoeste.
Leia Também: Pelo menos 15 peregrinos muçulmanos nigerianos mortos no Burkina Faso