ONU diz que 56% da população da RCA precisa de assistência humanitária
Um total de 3,4 milhões de pessoas na República Centro-Africana (RCA), 56% da população, precisa de assistência humanitária devido à crise que continua a agravar-se devido a um conflito armado, alertou hoje a Organização das Nações Unidas (ONU).
© Reuters
"Meio milhão de pessoas não pode voltar para as suas casas, enquanto cerca de três milhões não podem comer o que precisam", lamentou o coordenador humanitário da ONU na RCA, Mohamed Ag Ayoya, em comunicado.
"Além disso, graves abusos dos direitos humanos e violações do direito internacional humanitário continuam a ser cometidos", acrescentou.
Segundo Ayoya, o número de pessoas que precisam de assistência humanitária na RCA aumentou 10% em relação a 2022.
O país nunca teve tantas pessoas dependentes de ajuda humanitária desde 2018.
Para enfrentar esta crise, o Governo centro-africano e a ONU, assim como várias organizações humanitárias, pediram à comunidade internacional que mobilize 465 milhões de dólares (433 milhões de euros) para ajudar pelo menos 2,4 milhões de pessoas ao longo deste ano.
Por seu turno, o primeiro-ministro da RCA, Felix Moloua, disse que a "persistência da crise de segurança" em muitas zonas do país "tem agravado a vulnerabilidade de uma parte da população, em particular mulheres, crianças e idosos, uma questão de grande preocupação para o Governo".
Assim, Moloua convidou as organizações humanitárias a trabalharem coletivamente para encontrar "soluções construtivas" para os vários desafios do país.
A ONU registou um aumento de violações de direitos humanos e direito humanitário internacional na RCA em 2022, bem como a tendência de aumento de casos de violência de género e incidentes com engenhos explosivos artesanais.
Além disso, as restrições logísticas e de segurança continuam a dificultar o acesso das organizações humanitárias às pessoas mais vulneráveis.
As organizações humanitárias registaram um incidente de segurança na RCA a cada dois dias ao longo de 2022, que provocaram a morte de um trabalhador humanitário e 24 feridos.
"Qualquer ataque contra trabalhadores humanitários é um ataque contra milhares de centro-africanos que precisam de assistência. Os trabalhadores humanitários e civis nunca devem ser alvos", enfatizou Ayoya.
A RCA sobre os efeitos da violência sistémica desde finais de 2012, quando uma coligação de grupos rebeldes de maioria muçulmana - os Séléka - tomou Bangui e derrubou em 2013 o Presidente, François Bozizé, após 10 anos de Governo (2003-2013), dando início a uma guerra civil.
O atual Presidente centro-africano, Faustin Archange Touadéra, declarou um cessar-fogo unilateral em outubro de 2021 com o objetivo de facilitar o diálogo nacional, mas grande parte do país - rico em diamantes, urânio e ouro - continua nas mãos das milícias.
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