Estes países são os que "enfrentam surtos desde o início do ano", acrescenta num comunicado divulgado esta terça-feira.
A Organização Mundial de Saúde (OMS), a Unicef e a Cruz Vermelha já mobilizaram mais de 3 milhões de doses de vacinas para dar resposta ao surto em três países africanos.
Mas "a infeção aguda e virulenta mata rapidamente por desidratação" e a "intervenção com reidratação oral ou intravenosa imediata pode ajudar a tratar a maioria das pessoas".
Em janeiro de 2023, os casos registados situaram-se 30% acima do total de todas as notificações do ano passado.
Em 2022, quase 80 mil casos e 1.863 mortes foram registados em 15 países afetados por surtos de cólera.
Por isso, a OMS receia que com a persistência da tendência de crescimento da doença, o número de casos notificados em 2021, que foi considerado o pior ano de cólera em África em quase 10 anos, seja superado.
"A taxa média de letalidade ultrapassa agora em quase 3%, os 2,3% de 2022. O nível aceitável é menos de 1%", refere ainda a nota emitida de Nova Iorque.
A maior parte dos novos casos e mortes foi confirmada no Malaui, que enfrenta o pior surto da doença em duas décadas. Mas Moçambique e Zâmbia também relataram casos recentemente. Outros países afetados são: Burundi, Camarões, República Democrática do Congo e Nigéria, adianta.
Na África Oriental, Etiópia, Quénia e Somália estão a responder a surtos de cólera ao mesmo tempo que atravessam uma seca prolongada e severa que deixou milhões de pessoas em extrema necessidade de assistência humanitária.
A diretora regional da OMS para África, Matshidiso Moeti, citada no comunicado lembrou que a agência está a apoiar o reforço das principais medidas de controle, para interromper o surto.
Mas apela aos países africanos para que do seu lado "aumentem o nível de prontidão no diagnóstico dos casos e montem uma resposta abrangente e oportuna".
Os esforços conjuntos têm de se concentrarno aumento da vigilância da doença, medidas de prevenção e tratamento, envolvimento das comunidades e coordenação com parceiros e agências de vários setores, para melhorar o saneamento e fornecer água potável à população.
Por isso, a agência refere que "enviou 65 especialistas para cinco países africanos, incluindo 40 para o Malaui e desembolsou 6 milhões de dólares para iniciar a resposta de emergência neste país, no Quénia, e em Moçambique".
Só este ano, cerca de 3,3 milhões de doses da vacina contra a cólera foram enviados para RD Congo, Quénia e Moçambique, através do Grupo de Coordenação Internacional de Fornecimento de Vacinas.
A parceria da Cruz Vermelha, Médicos sem Fronteiras, Unicef e OMS visa administrar suprimentos emergenciais de vacinas.
Porém, o grupo teve que adotar a abordagem de dose única em campanhas de resposta a surtos de cólera, suspendendo temporariamente o regime padrão de duas doses, devido ao aumento global dos surtos que "colocou enorme pressão sobre a disponibilidade de vacinas".
Assim, "receia-se que um novo surto aprofunde a escassez" de vacinas, acrescenta a nota.
Para Moeti, a cólera "é um desafio tanto para a saúde quanto para o desenvolvimento" porque "todas as mortes pela doença podem ser evitadas" com investimentos em melhor saneamento e acesso à água potável, que complementam "formidavelmente as iniciativas de saúde pública para controlar e erradicar a cólera de forma sustentável".
O controlo eficaz da doença, "depende da implementação de medidas abrangentes, como vigilância epidemiológica e laboratorial aprimorada para detetar, confirmar e responder rapidamente a surtos", defende a OMS.
A agência da ONU sublinha também que "os surtos ocorrem num contexto de eventos climáticos extremos, conflitos, surtos contínuos de doenças como o poliovírus selvagem e recursos financeiros limitados".
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