"Muito difícil". Sturgeon diz ser altura de "dar lugar a outra pessoa"
A primeira-ministra demissionária permanecerá no cargo até que um sucessor seja eleito.
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Mundo Escócia
A primeira ministra da Escócia, Nicola Sturgeon, anunciou, esta quarta-feira, a sua intenção de abandonar o cargo de chefe do Governo do país. Em conferência de imprensa, a responsável adiantou que "parte de servir bem é saber quando dar lugar a outra pessoa", momento que considera ser "agora".
Sturgeon permanecerá no cargo até que um sucessor seja eleito, garantiu, em conferência de imprensa a partir da Bute House, a residência oficial da primeira-ministra, em Edimburgo.
Considerando que a sua posição enquanto primeira-ministra tem sido "um privilégio", que a "apoiou e inspirou nos momentos positivos", mas também "nas horas mais difíceis", Sturgeon assegurou estar "orgulhosa" de ter sido a primeira mulher e a mais longa incumbente no cargo.
"Desde o meu primeiro momento neste trabalho, acreditei que parte de servir bem é saber, quase instintivamente, quando dar lugar a outra pessoa. E quando a coragem para tomar essa decisão chegou, mesmo que para muitos no país e no meu partido possa ser demasiado cedo, na minha cabeça, e no meu coração, soube que esse momento é agora", disse, atirando ter consciência de que a notícia será devastadora para muitos escoceses.
A esses, a primeira-ministra demissionária assegurou que a decisão "é muito difícil", mas que surge de um sentido de "dever e de amor", tanto pelo seu país, como pelo seu partido.
"Ainda que saiba que será tentador vê-la dessa forma, esta decisão não é uma reação a pressões", disse, complementando que, apesar das dificuldades enfrentadas pelo seu governo, a sua experiência política "é muita".
"Esta decisão surgiu de uma análise profunda e longa. Sei que poderá parecer repentina, mas tenho estado a lutar com ela, ainda que com níveis oscilantes de intensidade, há algumas semanas. Essencialmente, tenho estado a tentar responder a duas questões: É continuar [no cargo] a opção certa para mim? E, mais importante, é a minha continuação a opção certa para o país, para o meu partido e para a causa da independência a que dediquei a minha vida?", lançou, adiantando ter chegado à conclusão de que a resposta é "não".
Sturgeon reiterou que, ainda que o seu trabalho seja "um privilégio", é, também, "difícil, tal como deveria de ser". Mas, neste momento, a primeira-ministra receia estar no cargo "há demasiado tempo".
"Dar absolutamente tudo é a única maneira de fazer este trabalho. O país não merece menos do que isso. Mas, na verdade, isso só pode ser sustentável durante algum tempo. Corro o risco de o fazer há demasiado tempo", apontou, recordando que, além de política, é também "um ser humano".
Ter liderado a Escócia durante a pandemia poderá ter sido "a coisa mais difícil" que a primeira-ministra alguma fez e, apesar de não ter sido "o trabalho mais difícil no país", a sua responsabilidade foi "imensa".
"Só muito recentemente é comecei a compreender e a processar o seu impacto físico e mental em mim", acrescentou, considerando que não conseguirá dar tudo de si nos próximos tempos.
Ainda assim, a responsável garantiu querer estar presente para ver a Escócia alcançar a independência, uma causa em que acredita "com toda a fibra" do seu ser.
De notar que Sturgeon foi quem ocupou o cargo de chefe do Governo durante mais tempo, tendo-o assumido em 2014. A ainda primeira-ministra sucedeu a Alex Salmond, logo depois do referendo para a independência do território.
A Escócia faz parte do Reino Unido, mas, como o País de Gales e a Irlanda do Norte, tem seu próprio governo semiautónomo.
[Notícia atualizada às 11h57]
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