O antigo presidente e atual vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, Dmitry Medvedev, lançou farpas tanto à presidente da Comissão Europeia (CE), Ursula von der Leyen, como ao chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, considerando que “a estupidez e a incompetência não se tratam”, ao comentar o décimo pacote de sanções à Rússia e o apelo de envio de armamento para a Ucrânia.
Numa publicação intitulada 'De onde vieram todos?', Medvedev apontou ser “chato quando a chefe da Comissão Europeia não percebe nada de economia e está acostumada a olhar para objetos puramente médicos”.
“Como explicar de outra forma que a ginecologista de mais alto escalão da UE esteja a calcular com alegria indisfarçável as perdas da Rússia com uma nova onda de sanções, mas que não contabilize as perdas das suas empresas. Infelizmente, a regra da medicina não se aplica aqui. A estupidez e a incompetência não se tratam…”, escreveu, na rede social Telegram.
Em causa está o décimo pacote de sanções do bloco europeu, que abrange tecnologias críticas para a máquina de guerra russa e a "máquina propagandista" do Kremlin, segundo anunciou a presidente do executivo comunitário.
Contudo, von der Leyen não foi a única ‘vítima’ das farpas de Medvedev, que criticou o facto de que Borrell, “exausto por Narzan [marca russa de água com gás]”, continuar a procurar “diligentemente tanques para o regime ucraniano em armazéns na Europa”.
“Isso mesmo, é assim que um verdadeiro diplomata deve agir! É o principal diplomata da UE e mais ninguém deve repetir que a Rússia é a eterna inimiga da Europa e apelar à guerra para um fim vitorioso (o fim da Ucrânia, claro)! Bravo, Talleyrand aplaude lá de cima!”, disse, numa referência a Charles-Maurice de Talleyrand-Périgord, que enganou 20 reis e 'fundou' a Europa.
“Quem é o próximo? O espetáculo de horrores deve continuar…”, rematou.
De notar que Borrell revelou, na terça-feira, que na próxima semana vai apresentar propostas aos ministros dos Negócios Estrangeiros dos 27 sobre o financiamento e fornecimento de material militar, designadamente munições, à Ucrânia, depois de o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, ter admitido que a Aliança enfrenta uma "corrida contra o tempo" no envio de apoio militar suplementar àquele país, para permitir às forças ucranianas fazer face às novas ofensivas da Rússia.
Lançada a 24 de fevereiro, a ofensiva militar russa na Ucrânia já provocou a fuga de mais de 14 milhões de pessoas, segundo os dados mais recentes da Organização das Nações Unidas (ONU), que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A entidade confirmou ainda que já morreram 7.155 civis desde o início da guerra e 18.817 ficaram feridos, sublinhando, contudo, que estes números estão muito aquém dos reais.
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