O juiz Michail Claise terá de ser substituído após um pedido de recusa apresentado pela equipa de advogados de defesa de Tarabella, um dos eurodeputados acusados de corrupção no caso Qatargate, alegando "suspeição" de que aquele "não respeitou o princípio de presunção de inocência".
O eurodeputado ítalo-belga Marc Tarabella, a eurodeputada grega Eva Kaili e o eurodeputado italiano Antonio Panzeri são acusados de terem sido influenciados pelos governos do Qatar e Marrocos, num processo que alegadamente envolve corrupção, lavagem de dinheiro e crime organizado.
O escândalo que ficou conhecido como 'Qatargate' foi denunciado em dezembro de 2022 e afetou, em primeiro lugar, a então vice-presidente do PE, a socialista Eva Kaili, detida em flagrante delito e indiciada desde o momento das revelações e detenções.
Também o ex-eurodeputado socialista italiano Pier Antonio Panzeri, considerado o cabecilha do esquema de corrupção, foi detido, tendo entretanto feito um acordo para colaborar com a investigação judicial belga, em troca de uma redução da sentença.
A polícia belga deteve ainda, em dezembro, o companheiro da política grega, o assessor parlamentar Francesco Giorgi, e o lobista e secretário-geral de uma ONG Niccolò Figa-Talamanca.
Já em 10 de fevereiro, foram detidos o eurodeputado italiano Andrea Cozzolino e o belga Marc Tarabella.
Os suspeitos estão a ser investigados no processo aberto pelas alegadas tentativas do Qatar, e alegadamente também de Marrocos, de influenciar decisões das instituições europeias a seu favor mediante o pagamento de subornos a eurodeputados e funcionários do PE.
A investigação conduzida pelas autoridades belgas permitiu a apreensão de malas com dinheiro no total de 1,5 milhões de euros e pelo menos quatro pessoas foram indiciadas pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e participação numa organização criminosa.
Também hoje, o Parlamento Europeu (PE) exigiu a rápida criação de um órgão de ética independente da União Europeia (UE), na sequência do 'Qatargate'.
O PE aprovou duas resoluções, sem caráter vinculativo, sobre a questão da transparência e integridade na tomada de decisões da UE.
Numa resolução, os eurodeputados pediram uma aplicação mais eficaz do seu código de conduta, reiteraram a "tolerância zero à corrupção" e apelaram a um maior controlo do financiamento das organizações não-governamentais (ONG).
Em outra resolução, os eurodeputados defenderam a rápida criação de um órgão de ética independente da UE, com base nas propostas apresentadas em setembro de 2021, "para restaurar a confiança dos cidadãos".
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