"Este sismo, pela destruição imensurável que provocou, pode ser uma oportunidade para redefinir as relações entre a Grécia e a Turquia", frisou o chefe do Governo grego em entrevista ao canal público de televisão ERT.
"Em certa medida", este desastre que matou pelo menos 40.000 pessoas na Turquia e na vizinha Síria pode levar a "uma redefinição das relações entre a Turquia e o Ocidente como um todo", acrescentou, embora tenha manifestado apreensão.
Para Kyriakos Mitsotakis, a melhoria das relações depende "da liderança turca".
"Não acredito que os países mudem sua política assim", vincou.
Por outro lado, o primeiro-ministro grego frisou a significativa manifestação de solidariedade que tomou conta dos gregos para com as vítimas do terremoto, importante para a ligação entre os dois povos.
Kyriakos Mitsotakis lembrou ainda que a Grécia foi um dos primeiros países europeus a enviar equipes de socorro para as regiões afetadas pelo terremoto de magnitude 7,8.
O chefe da diplomacia grega, Nikos Dendias, também fez uma visita marcante no domingo às zonas afetadas, ao lado do seu homólogo turco, Mevlut Cavusoglu, após meses de distanciamento e tensão entre os dois vizinhos, rivais históricos, mas parceiros dentro da NATO.
Atenas também garantiu que quer desempenhar "um papel ativo" para ajudar a Turquia a reconstruir as regiões devastadas por este desastre natural.
"Queremos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para ajudar o povo turco e a Turquia a recuperar e a reerguer-se. É também do nosso interesse nacional", garantiu o líder do Governo conservador.
Turquia e Grécia discutem regularmente sem temas como a migração, o desenho de fronteiras marítimas e os depósitos de hidrocarbonetos no Mediterrâneo Oriental.
O secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, lançou esta quinta-feira um apelo humanitário de 1.000 milhões de dólares (940 milhões de euros) para apoiar a população da Turquia a enfrentar as consequências dos devastadores terramotos no país.
De acordo com o líder das Nações Unidas, as "necessidades são enormes" e "não há tempo a perder", neste país que abriga o maior número de refugiados do mundo e "há anos demonstra enorme generosidade com os seus vizinhos sírios".
Na terça-feira, o secretário-geral da ONU já havia lançado um apelo humanitário de 397 milhões de dólares (369,3 milhões de euros) para ajudar a população síria por três meses, na sequência dos sismos.
Logo após os sismos devastadores que atingiram a 06 de fevereiro o sul da Turquia e o norte da Síria, as Nações Unidas disponibilizaram 50 milhões de dólares (46,5 milhões de euros) através do Fundo Central de Resposta a Emergências.
Pelo menos 36.187 pessoas morreram e outras 108.000 ficaram feridas na Turquia após os dois fortes sismos que atingiram o país, declarou hoje a agência de gestão de emergências e desastres da Turquia (AFAD).
Os sismos provocaram a queda de milhares de edifícios - sob os quais dezenas de milhares de corpos ainda podem estar soterrados, alertaram vários especialistas turcos e internacionais - e outras 50.000 edificações foram gravemente danificadas e terão de ser demolidas.
Até ao momento, estão confirmadas cerca de 5.000 vítimas mortais na Síria devido aos terramotos.
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