"Pedimos o cancelamento total da dívida africana para fazer face à crise na Ucrânia e à recuperação da covid-19", afirmou Azali Assoumani, reafirmando a necessidade de acelerar a zona de livre-comércio no continente.
"A crise entre a Rússia e a Ucrânia mostrou-nos que África tem de procurar a soberania e resiliência alimentar", afirmou.
Para que haja uma zona de livre-comércio de sucesso, é necessário, considerou, resolver os problemas de autossuficiência, os problemas de segurança e o impacto das alterações climáticas.
"Sem resolver isso não é possível termos sucesso" na redução das tarifas alfandegárias internas, defendeu.
No seu discurso de tomada de posse, Azali Assoumani agradeceu ao Quénia ter recuado na sua candidatura à liderança da organização e elogiou o trabalho do antecessor, o Presidente do Senegal, Macky Sall.
O líder cessante "esteve sempre a defender os interesses de África, teve sucesso na procura de consensos na União Africana", disse, salientando que a eleição das Comores mostra que África trata "todos os países por igual", mesmo pequenas nações insulares como é o caso do seu país.
Antigo chefe do Estado-Maior do Exército, Azali Assoumani surgiu na cena política em 1999, num dos muitos golpes que abalaram o pequeno arquipélago do Oceano Índico desde a sua independência da França em 1975.
Apresentando-se como um "democrata profundo", explicou na altura que apenas tinha tomado o poder para evitar uma guerra civil, no meio de uma crise separatista com uma das ilhas do pequeno país, com cerca de 900 mil habitantes.
Candidatou-se à reeleição em 2002 e deixou o poder em 2006. Dez anos depois, candidatou-se de novo e ganhou uma eleição caótica e contestada.
No poder, dissolveu o Tribunal Constitucional, mudou da Constituição para alargar a duração da presidência rotativa de um para dois mandatos. As próximas eleições presidenciais terão lugar no próximo ano e, se for reeleito, Azali Assoumani governará até 2029.
No processo, mandou prender os seus principais opositores, incluindo o ex-presidente Ahmed Abdallah Sambi, acusado de corrupção e condenado em novembro a pena perpétua por alta traição, após um julgamento considerado injusto por analistas.
Leia Também: Conflitos e golpes de Estado dominam Cimeira da União Africana