O alerta foi dado em Caracas, por Luís Martínez, porta-voz da associação civil OAC, uma ONG que forma jovens e mulheres como agentes de mudança e promove ações da cidadania baseadas na promoção dos Direitos Humanos, da paz, da igualdade, do respeito e do reconhecimento mútuo.
"O país precisa que se garantam os direitos humanos. Necessitamos que a cidadania esteja consciente dos Direitos Humanos, para poder fazer exigências a nós próprios, e para poder exigir aos que regem as regras do Estado que o façam", disse à Agência Lusa à margem do seminário "Hipervínculo Cidadão - conectando perspetivas diferentes".
"Não podemos continuar a ocultar o que está a acontecer na área dos Direitos Humanos. Temos de assumir a responsabilidade de conhecer os nossos direitos, de os exigir e de os garantir. Entre as lideranças que existem no país, se destaca a da cidadania, pelo que temos de educar efetivamente os nossos cidadãos e tornarmo-nos ativos", sublinhou.
Luís Martínez disse ainda que é importante construir "uma agenda (comum) com uma visão dos Direitos Humanos, que promova a paz e que reconheça todos os atores, tanto políticos, sociais, religiosos como culturais".
"Independentemente dos interesses, das visões ideológicas ou religiosas, da fé ou poder de compra, é desta forma que podemos encontrar-nos e reconhecer-nos uns aos outros", frisou, sublinhando que "partimos da premissa de que o país necessita de um espaço de encontro e diálogo".
Sobre a OAC, explicou que "estamos comprometidos em criar espaços, mediar, para gerar ações que favoreçam a negociação, o diálogo e a resolução pacífica dos conflitos. Acreditamos que é fundamental e importante que os cidadãos tenham estes elementos no âmbito da abordagem dos Direitos Humanos. Para nós é importante motivar os jovens a se encontrarem a sensibilizá-los".
Por outro lado, precisou que no seminário participam jovens de diferentes realidades, da política, do desporto, da cultura, do mundo social e religioso.
Em paralelo decorreu o "Enclave em clave de paz" com conselheiros, deputados, organizações e representantes do sector empresarial, com o propósito de discutirem o que podem fazer em conjunto.
Luís Martínez frisou que "a recuperação da Venezuela depende da aproximação dos cidadãos, que todos aceitem as suas diferenças" para encontrar soluções e ações a favor do país.
"Não é uma questão de visão política, económica ou social. Há um país empenhado na recuperação e temos de fazer o que for possível. Neste sentido, promovemos o diálogo, a reconciliação nacional, a construção da paz e a não-violência com o exercício dos direitos", disse.
Por tal motivo a OAC convida "os cidadãos a sonhar, a acreditar e a fazer: É fundamental que sonhemos o país que queremos, que o tornemos possível e que o construamos. Trata-se de uma responsabilidade partilhada, de todos, e a maior opção é que todos venezuelanos", frisou.
Por outro lado, Elina Contreras, da OAC explicou que recorrem "à arte e à cultura como instrumentos poderosos para dar voz aos jovens", dando como exemplo o «'Festival Vamos em Curtas (Metranges)' que vai na sétima edição e que tem como primeira etapa a formação de ferramentas audiovisuais para cidadãos entre 18 e 45 anos, que ao finalizá-la devem fazer uma curta-metragem de um minuto.
Segundo Elina Contreras, o festival aborda temas de direitos civis, políticos e de participação cidadão, dando aos participantes a possibilidade de fazer-se ouvir e apresentar propostas e solução para as distintas problemáticas.
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