Saied presidiu a uma reunião do Conselho de segurança nacional "dedicada às medidas urgentes que devem ser adotadas para enfrentar a chegada à Tunísia de um grande número de migrantes clandestinos provenientes da África subsaariana", segundo um comunicado da presidência.
No decurso desta reunião Saied emitiu um discurso particularmente duro sobre a chegada de "hordas de migrantes clandestinos" e que cuja presença na Tunísia tem originado "violência, crimes e atos inaceitáveis", insistindo na "necessidade de pôr rapidamente termo" a esta imigração.
O chefe de Estado tunisino também defendeu que esta imigração clandestina denuncia "uma organização criminal urdida no início deste século para alterar a composição demográfica da Tunísia" e para a transformar num país "apenas africano" e terminar com o seu caráter "árabo-muçulmano".
Saied pediu às autoridades para agirem "a todos os níveis, diplomáticos, securitários e militares" para enfrentar esta imigração e uma "aplicação estrita da lei sobre o estatuto dos estrangeiros na Tunísia e sobre a transposição ilegal nas fronteiras".
"Aqueles que estão na origem deste fenómeno efetuam tráfico de seres humanos pretendendo defender os direitos humanos", disse ainda, de acordo com o comunicado da presidência citado pela agência noticiosa AFP.
Esta acusação de Saied contra os migrantes subsaarianos surge alguns dias após cerca de 20 organizações não-governamentais (ONG) tunisinas terem denunciado o aumento do "discurso do ódio" e do racismo para eles dirigido.
Segundo estas organizações, "o Estado tunisino faz orelhas moucas sobre o aumento do discurso do ódio e racista nas redes sociais e em certos 'media'".
Este discurso "é mesmo promovido por alguns partidos políticos, que promovem ações de propaganda no terreno facilitadas pelas autoridades regionais", acrescentaram.
As ONG também denunciaram "violações dos direitos humanos" que vitimizam os migrantes e apelaram às autoridades tunisinas a "combater os discursos do ódio, a discriminação e o racismo e intervir em caso de urgência para garantir a dignidade e os direitos dos migrantes".
A Tunísia, onde diversas zonas do litoral se encontram a menos de 150 quilómetros da ilha italiana de Lampedusa, regista regularmente tentativas de partida de migrantes, na maioria subsaarianos, em direção a Itália.
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