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Família do antigo líder do Burkina Faso não participará na reinumação

A família do antigo líder revolucionário do Burkina Faso e ícone do pan-africanismo, Thomas Sankara, assassinado em 1987 após um golpe de Estado, anunciou que não participará nos eventos previstos para quinta-feira para a reinumação dos seus restos mortais.

Família do antigo líder do Burkina Faso não participará na reinumação
Notícias ao Minuto

12:40 - 22/02/23 por Lusa

Mundo Thomas Sankara

"Os familiares do Presidente Thomas Sankara notam que a reinumação dos seus restos mortais foi mantida no Conselho da Entente (agora o Memorial Thomas Sankara)", manifestou a família numa declaração, depois de expressar a sua recusa em que fosse realizada neste local.

O texto anuncia que a família "não estará presente no funeral e não será representada por ninguém".

"Qualquer pessoa que assista à cerimónia e pretenda agir em nome da família não estará mandatada" para tal, segundo o texto.

A família de Sankara, um revolucionário marxista que liderou o país entre 1983 e 1987, exigiu na semana passada ao líder da junta militar no poder no país, Ibrahim Traoré, que os restos mortais de Sankara não fossem enterrados no memorial com o seu nome e propôs locais alternativos.

A família argumentou que enterrar os restos mortais do antigo presidente burquinabê no memorial construído no local onde o líder fundador do país foi assassinado, com 12 antigos companheiros de armas, seria a sua "segunda morte".

"Queremos enterrar Thomas para finalmente o lamentar e deixar a sua alma descansar em paz. A nossa família ainda está a passar pela provação de ver Thomas enterrado contra a nossa vontade no local onde ele foi morto, ou seja, no Conselho da Entente", segundo a declaração, que sublinha que Sankara "não morreu por acidente, mas foi vítima de um enredo bem orquestrado".

Sankara foi assassinado em 15 de outubro de 1987, juntamente com 12 oficiais burquinabês, o seu corpo foi desmembrado e enterrado numa sepultura anónima, no golpe de Estado, que marcou a ascensão do ex-presidente Blaise Compaoré.

Compaoré fugiu do país em 2014, na sequência de protestos contra a sua intenção de alterar a Constituição para se candidatar à reeleição, e foi condenado a prisão perpétua em julho de 2022.

Os corpos de Thomas Sankara e dos seus 12 companheiros foram enterrados pela primeira vez num cemitério nos arredores de Ouagadougou, mas foram exumados em 25 de maio de 2015, para efeitos de um processo judicial.

O seu novo enterro "será feito de acordo com os ritos funerários habituais, seguidos de cerimónias religiosas e militares", explicou o Governo de transição do país no início do mês, acrescentando que "uma cerimónia nacional e internacional de homenagem às vítimas" seria organizada em 15 de outubro de 2023.

Thomas Sankara, que chegou ao poder através de um golpe de Estado em 1983, foi morto com 12 dos seus companheiros por um comando durante uma reunião na sede do Conselho Nacional da Revolução (CNR) em Ouagadougou. Tinha 37 anos.

Deixou uma marca indelével em África, onde ficou conhecido com o "Che Guevara Africano", que queria "descolonizar as mentalidades" e perturbar a ordem mundial através da defesa dos pobres e oprimidos.

Logo no ano seguinte à sua chegada ao poder, Sankara mudou o nome do país, numa tentativa de enterrar com as insígnias da República do Alto Volta a herança do poder colonial francês. O país de Sankara passou a chamar-se República Democrática e Popular do Burkina Faso, que significa "país do povo honesto".

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